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Voltaire e Voltar...

Paulo Mateus
Opinião \ sábado, maio 21, 2022
© Direitos reservados
No Voltaire, temos mais do que boa comida; temos boas conversas, temos bons vinhos, temos lições de história. Estas linhas debruçam-se, mais uma vez, sobre um espaço novo, acabadinho de abrir.

Com a rotina cada vez mais próxima do que antes conhecíamos como normalidade, a sensação é de termos a nossa vida de volta. Guimarães começa de novo a fervilhar, há de novo ruas cheias de pessoas, os turistas voltam a encher o centro histórico em filas ordenadas atrás de uma bandeirinha, as esplanadas ganham novas conversas, a cidade vê abrir novos espaços de restauração, apostando num futuro risonho e cheio de vitalidade.

Em pleno centro da cidade, num edifício inserido na zona histórica, onde outrora foi uma cervejaria conhecida, abriu o novíssimo gastro-bar, de seu nome Voltaire. Mas quem foi Voltaire? Voltaire, era o pseudónimo de François-Marie Arouet, escritor, ensaísta, filósofo, cujas ideias marcaram o iluminismo francês e exerceram uma forte influência no rasgar de caminhos que levariam à Revolução Francesa e à defesa das liberdades e dos direitos civis.

Defensor do comércio livre, Voltaire é também o autor de uma frase inspiradora para os mentores deste novo projeto gastronómico na cidade-berço de Portugal: “O amor é a mais forte das emoções, porque ataca ao mesmo tempo a cabeça, o coração e o corpo “ Para mim, no entanto, a frase de Voltaire que melhor define este gastro-bar, é talvez outra: “O maior prazer que alguém pode sentir é o de causar prazer aos seus amigos".

É esse prazer que nos é proporcionado por uma cozinha que investe nos mais recentes movimentos de vanguarda da alta gastronomia, mas que, não esquecendo as nossas raízes, recorre aos princípios fundamentais da cozinha tradicional para criar um misto de sensações e emoções em cada prato, seja um robalo ao sal, seja um magret de pato. Todos os pratos são rigorosamente confecionados e cuidadosamente empratados, para criar impacto visual (e fotografias para o Instagram), mas acima de tudo para saborear devagar e provocar o nosso deleite gastronómico.

Mas este Voltaire não é só um restaurante: ao fim de um dia de trabalho, podemos ir beber um copo de vinho ou um cocktail e degustar uns queijos, umas ameijoas ou um tenro prego no pão sentados num balcão marcado por uma decoração ao bom estilo da art déco. E que bem que sabe um negroni (já cá faltava) sentado no bar e ouvir uma relaxante música de fundo!

No Voltaire temos mais do que boa comida; temos boas conversas, temos bons vinhos, temos lições de história. Estas linhas debruçam-se, mais uma vez, sobre um espaço novo, acabadinho de abrir. Escrevo-as na plena consciência de que, depois de tempos difíceis, importa enaltecer quem ousa, cria e acredita no sonho de poder causar prazer aos outros, como há perto de três séculos escrevia Voltaire.

Sigam o meu conselho e aproveitem o menu executivo ao almoço, um final de tarde no balcão do bar a olhar para o jardim da Alameda ou um jantar com menu à la carte, num espaço confortável e com personalidade. Não se vão arrepender. O Voltaire é para ir e voltar.

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