Amtrol Alfa: cordão humano contra “lucros brutais sem reflexo nos salários”
O cenário foi o mesmo, os protagonistas mantiveram-se e as reivindicações ganharam ainda mais força. Trabalhadores da Amtrol Alfa, empresa sediada em Brito que produz botijas de gás, voltaram a manifestar-se à porta da empresa, reivindicando um aumento de salário “mais digno”.
Centenas de trabalhadores reuniram na Estrada Nacional 206 para uma “luta justa”, segundo disse de forma inflamada Carlos Araújo, da Comissão de Trabalhadores da empresa. Foi o portador de notícias para os trabalhadores que empunhavam bandeiras da CGTP.
“A empresa não aceitou a nossa proposta, e o aumento nem sequer acompanha o aumento do salário mínimo. É grave dada a faturação que a empresa tem tido. Neste caminho, dentro de dois anos os trabalhadores da Alfa receberão o salário mínimo numa empresa em que sempre se ganhou acima do salário mínimo”, vincou.
“Já se conseguiu que a empresa refletisse”
No terreno estiveram várias forças sindicais, de diversos ramos e com caras conhecidas destas lutas. A ideia era fazer uma marcha pela estrada, algo que não foi permitido pela Câmara Municipal. Os trabalhadores fizeram um cordão humano ao longo da frente das instalações da empresa, gritando palavras de ordem.
Miguel Ângelo, coordenador da Site-Norte, frisou que com a luta que têm levado a cabo, os trabalhadores da Alfa já “conseguiram que a empresa refletisse”, disse. “Noutras empresas do mesmo ramo já conseguimos aumentos de 90 euros e se noutras se consegue, aqui também se consegue”, atirou.
Sem sobressaltos, a jornada de luta decorreu conforme previsto perante a vigilância atenta de um contingente considerável da GNR.
Também Rogério Silva, coordenador da Fiequimetal, marcou presença nesta ação, salientando o papel deste setor da Amtrol Alfa em particular, no decurso da pandemia. “Quantas garrafas foram precisas fazer para fornecer oxigénio para milhares de portugueses? Vocês não pararam. A administração não está a respeitar a vossa dignidade com este aumento de seis euros”, atirou.
Isabel Camarinha presente numa luta geral
Tal como prometido, a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, deu ainda mais força a esta ação de protesto. No uso da palavra frisou que a luta dos trabalhadores da Alfa é uma luta particular, mas ao mesmo tempo uma luta geral.
“Esta greve é uma necessidade geral do país, para melhores condições de vida. Por isso, os trabalhadores da Alfa não estão sozinhos”, vincou Isabel Camarinha, que depois particularizou a luta dos trabalhadores da Alfa. “Esta empresa ao longos dos últimos anos tem tido lucros brutais, esta e outras, lucros estes que nunca se refletiram nos salários”, disse Isabel Camarinha.
Está a ser um plenário para que os trabalhadores se possam expressar e possam definir estratégias para as próximas ações de luta, porque “se a empresa é líder mundial", isso "deve-se aos trabalhadores”, segundo Carlos Araújo.