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A Bela (Cidade de Guimarães) e o Monstro (Antigo Edifício dos Correios)

Carlos Caneja Amorim
Opinião \ quarta-feira, setembro 20, 2023
© Direitos reservados
Em defesa de uma nova centralidade.

Uma das obras maiores do genial arquiteto Antoni Gaudí, em Barcelona, e bem representativa do modernismo catalão, é a Casa Batlló, situada no Passeig de Gràcia, conhecido antigamente como ilha da discórdia. Sucede que, para o que aqui releva, o edifício que Gaudí transformou na Casa Batlló, foi construído previamente em 1877. Só em 1904, após ser comprado por Josep Batlló, é que Antoni Gaudí foi contratado para a reformar e reinventar. O que significou a sua absoluta transformação: um novo andar, um telhado rebaixado, uma nova estrutura interna e externa futurística e onírica, com uma nova fachada, uma nova pele. Um edifício banal deu origem a uma obra de arte pelo génio de Antoni Gaudí.

Como é bom de ver e antecipar, sonho com igual transformação no antigo edifício dos correios, sito na Rua Santo António (sendo familiar do Prédio Coutinho, em Viana do Castelo, recentemente falecido). Importa referir que o local que importa recuperar tem pedigree: anteriormente existiu no local o extraordinário Palacete de Minotes. Avançando: Sou do modesto parecer que os poderes públicos municipais deviam, junto dos privados (proprietário e potencial promotor) encontrar uma solução de futuro e de vanguarda, que traga uma nova centralidade a Guimarães, reformulando a fundo tal edifício (por dentro e por fora).

A minha sugestão é temerária e é a seguinte: Guimarães é um concelho que sempre antecipou futuro e tem empresas em diversas áreas de atividade (comercial e industrial) que são líderes mundiais, mesmo ao nível de produtos premium e de gama alta. Juntando o prestígio histórico, comercial e industrial de Guimarães, não é ter a mania das gradezas julgar possível ter, na devida escala e proporção, um espaço concetualmente próximo de umas Galeries Lafayette, em Paris, ou Harrods, em Londres. Um local em que Guimarães tivesse centralidade mundial no mercado dos produtos de gama alta.

Repare-se que Guimarães já tem proximidade nesse campo, considerando a forte ligação à empresa líder mundial nessa área, em termos digitais: Farfetch. Sim, com forte ligação a Guimarães, esta empresa é líder mundial no mercado de produtos de luxo. E é precisamente esse facto que torna possível este aparente sonho febril: devia-se promover a ideia de uma parceria entre a proprietária do prédio (ao que julgo saber, a Endutex) e a Farfetch para, em parceria com o Município de Guimarães (licenciamento e taxas), ser oferecido ao espaço público vimaranense um edifício de excelência e grandiosidade, próximo do que melhor existe nas grandes capitais mundiais.

Potencialmente, a Farfetch veria com bons olhos juntar ao seu domínio com as lojas digitais, um portfólio selecionado de lojas de rua em cidades património mundial. Em Guimarães abriria a primeira. Até porque isso geraria uma oferta diferenciada e exclusiva para turismo de gama alta, que geraria criação de valor para todos, incluindo, para as próprias empresas envolvidas e para a hotelaria, restauração, bem como para os demais espaços de comércio tradicional. Já para não falar na criação de postos de trabalho. Para que um concelho possa atingir um nível de desenvolvimento de relevo deve procurar ter espaços públicos variados e diferenciados, onde todo o tipo de públicos encontrem aquilo que procuram.

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