A Europa em debate
Estas eleições para o Parlamento Europeu são decisivas para o futuro das políticas sociais na Europa. A direita europeia está cada vez mais conservadora e extremada e poderá haver consequências negativas para os direitos humanos dos migrantes e das mulheres. Este momento difícil da política europeia parece ter despertado o interesse das pessoas. Os debates tiveram mais espectadores, houve mais votantes antecipados e, com a oportunidade de votar em qualquer assembleia de voto, espera-se que mais eleitores vão à urna no próximo domingo. Ainda bem.
Apesar da dispersão de poder em instituições não eleitas diretamente, como a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu, o Parlamento Europeu tem uma centralidade relevante na aprovação de diretivas e regulamentos com impactos diretos na legislação nacional, assim como recomendações e acordos sobre os vários temas.
Por isso, esta campanha tem sido marcada por alguns assuntos europeus, como o Pacto para as Migrações, aprovado pelo PS, PSD e CDS. As entrevistas e debates entre cabeças de lista serviram para esclarecer e destacar a excelente preparação de alguns candidatos. À esquerda, Catarina Martins demonstrou conhecimento profundo pelos temas, sendo a candidata mais empenhada em resolver os problemas dos portugueses, com um programa pela justiça social, paz e solidariedade, que dá prioridade ao bem-estar das pessoas e à sustentabilidade do planeta.
Uma Europa ecológica exige a redução das emissões de gases de efeito estufa em 65% até 2030 e atingir zero emissões até 2040. A aposta na transição energética com investimento em energia limpa permitiria a criação de 10 milhões de empregos verdes até 2030. É necessária a adaptação do território às alterações climáticas, incentivando a proteção da natureza e o desenvolvimento da agricultura.
Uma Europa justa impõe o investimento nos serviços públicos, de educação e saúde, assim como considerar a habitação como um direito fundamental, proibindo vistos gold e combatendo a especulação imobiliária. As offshores na UE devem acabar e as transações financeiras para paraísos fiscais ser proibidas.
Uma Europa solidária promove políticas de asilo que respeitam os direitos humanos. A criação de uma fortaleza, que ergue muros nas suas fronteiras, promoverá a imigração ilegal e constituirá risco de vida para quem luta por ter uma vida melhor. Como, aliás, lutaram muitos dos nossos avós e pais, que tiveram de ir trabalhar no estrangeiro para que pudéssemos ter um pouco mais de conforto material.
O próximo domingo pode ser determinante no futuro da Europa e o voto é decisivo para enfrentar a crise climática e resolver as desigualdades sociais e económicas A proposta do Bloco de Esquerda é por uma Europa que seja um exemplo de justiça social e ambiental, promovendo a paz e a solidariedade tanto interna quanto externamente.
Cinema vimaranense em destaque
O festival IndieLisboa premiou o filme «Campos Belos», de David Ferreira, rodado na sua terra com as suas gentes - Campelos. O júri atribuiu o prémio para artistas emergentes, destacando ser “a melhor proposta de gesto cinematográfico”. Parabéns, David! O filme, que já havia sido apresentado no Curtas Vila do Conde, é uma obra brilhante que representa a vida vulgar de cada um de nós, cuja cena decorre em plano sequência como a transição ao longo da vida, entre a infância, maioridade e a morte. Um começo de carreira que promete vir a criar obras de qualidade que muito nos vão orgulhar.