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A Grande Serpente da cultura

Alfredo Oliveira
Opinião \ sexta-feira, junho 17, 2022
© Direitos reservados
Uma peça de teatro com cerca de 40 atores, que se viriam a afirmar no panorama artístico nacional e que inaugurou a atividade da Oficina de Dramaturgia e Interpretação Teatral (ODIT).

A política cultural de Guimarães está muito centralizada na Câmara Municipal, através (principalmente) da Oficina que foi e tem sido, como disse em tempos o seu ex-vereador da cultura, José Bastos: “uma espécie de braço armado para toda a implementação de uma estratégia cultural”.

Estratégia que se traduziu em aspetos marcantes da cidade. A Câmara tem conseguido chamar a si diversas iniciativas de associações vimaranenses e dar-lhes uma projeção que de outra forma possivelmente não seria exequível. Os Festivais Gil Vicente ou o Guimarães Jazz são exemplos elucidativos,

Numa visão histórica um pouco abreviada costuma apontar-se a década de 80, do século XX, como o arranque de um caminho camarário que nos terá conduzido até à Capital Europeia da Cultura em 2012. Se essa visão foi pensada em conjunto com as diversas associações culturais e se teve, de início, esse propósito, deixaremos essa análise para outros momentos. Recorde-se que foi nos anos 80 que tivémos o arranque da requalificação do centro histórico da cidade que levou à sua classificação como Património Mundial, por parte da UNESCO em 2001.

Efetivamente, a recuperação exemplar do nosso passado abriu as portas para a projeção de Guimarães também como cidade promotora de um futuro onde a cultura deveria estar sempre presente. Com oscilações, é certo, mas com a afirmação de produtos e infraestruturas que são de referência. Muito caminho teve de ser percorrido até chegarmos à afirmação do Guimarães Jazz, dos Festivais Gil Vicente, do GUIdance, do Manta e mais recentemente do Westwaylab, por exemplo e à abertura do CCVF, do CIAJG, do Centro de Criação de Candoso, da blackbox da Fábrica ASA, da Casa da Memória e, mais recentemente, a requalificação do Teatro Jordão.

Uma das iniciativas que teve o condão de deixar lastro nas artes performativas e mais concretamente no teatro foi, sem dúvida, a chegada a Guimarães do encenador Moncho Rodriguez, que acabaria por “arrastar” mais de 300 pessoas (há quem aponte mais de 400 pessoas) para um workshop de expressão dramática, que culminaria com a apresentação da “A Grande Serpente”, a 02 de julho de 1994, na fábrica Âncora, (hoje Centro de Ciência Viva de Guimarães). Uma peça de teatro com cerca de 40 atores, entre os quais Vítor Hugo Pontes, José Eduardo Silva e Joana Antunes, nomes que se viriam a afirmar no panorama artístico nacional e que inaugurou a atividade da Oficina de Dramaturgia e Interpretação Teatral (ODIT), futuro Teatro Oficina.

No destaque desta edição Moncho Rodriguez, numa grande conversa, recupera esses tempos, discorre sobre o mormente presente do teatro, de Guimarães, bem como do seu regresso, por iniciativa da Associação de Socorros Mútuos Artística Vimaranense (ASMAV), que o levará à reinterpretação de “A Grande Serpente”, com assistência de Francisco Leite Silva, ator que deu corpo a Arão na peça original.

A iniciativa de associações também vai marcando o panorama cultural de Guimarães.

 

Nesta edição do Jornal de Guimarães destaque ainda para o papel dos cuidadores informais que ainda não está devidamente acautelado em termos de direitos. O Plano de Ação da Biodiversidade com a ajuda da comunidade que pretende “proteger, conservar e monitorizar” a fauna e flora existente no concelho. A comemoração dos 100 anos do nascimento de Augusto Dias de Castro, médico taipense que marcou este território. A situação do GRUFC, clube de râguebi de Guimarães que treina sem campo e ainda a criação da “WikiVitória” para “colmatar falta de literacia” sobre o Vitória Sport Clube, sem esquecer os nossos habituais cronistas.

Boas leituras.

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