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A influência da comunicação social

Diogo Nuno Mesquita
Opinião \ quinta-feira, julho 18, 2024
© Direitos reservados
O que melhor se vende é polémica, caos, bilhetes ao consumismo fervoroso de qualquer mediatismo barato de quem se quer rir com o descrédito das pessoas e das instituições.

É fácil que se confunda o papel da comunicação social com o de empresas que vendem notícias. Num mercado livre (de escrúpulos) seria essa a sua absoluta finalidade, mas não naquele que, pelo nosso bem, deve existir.

Muitos órgãos de comunicação social, com sucesso, trabalham dessa forma há bastante tempo (vendedores de notícias), sendo reconhecidos pela sua capacidade de entretenimento e diversão do público, mas não levados de forma séria nem pelos seus próprios clientes.

O que é certo é que a mensagem e a postura vão passando, e essa concorrência desleal e medíocre apenas engrandece o desafio que os órgãos de comunicação social de valores tradicionais têm pela frente. E o desafio é hercúleo; não vou recorrer a eufemismos para lhes pedir que salvem a sociedade democrática que hoje conhecemos, motivando-os a colocar em causa a sua própria existência ou, pelo menos, a diminuir fortemente a probabilidade de cá andarem num futuro próximo. Isto porque o que melhor se vende aqui é polémica, caos, bilhetes ao consumismo fervoroso de qualquer mediatismo barato de quem se quer rir com o descrédito das pessoas e das instituições. E eles sabem. Os números gritam-lhes essa informação a cada análise das audiências. A cada fecho contabilístico e a cada dia de pagamento de salários aos jornalistas que nos escrevem. A sobrevivência dos seus negócios depende da integridade conjunta da sociedade na sua capacidade em selecionar os valores que quer promover ao consumir.

O risco de desistirem e cederem aos desejos deste consumidor, que está ensandecido por envenenamento, é o de se normalizar a decadência da convivência e o desrespeito entre seres humanos (potencialmente desastroso). É a comunicação social que mais influencia o crescimento e a popularidade dos agentes políticos que nos governam. Decide o tempo de antena (os que trabalham como vendedores dirão que quem decide é o público – eles só entregam essa decisão) e que tipo de tempo de antena será esse – uma responsabilidade de importância decisiva na vida das pessoas. Exige-se-lhes a moralidade superior de não embarcarem no caminho fácil do caos e resistirem a elevar o que existe para se manter rasteiro. Sem esconder ou censurar quem os procura para assegurar o tom demagógico das suas agendas tóxicas – estes devem ser expostos abertamente, democraticamente, e não destacados sem oposição. É esse o equilíbrio que parece impossível.

A liberdade de expressão estará sempre em causa sendo a comunicação social a decidir quem tem voz, e se toda a publicidade é útil (não existe má publicidade – dirá algum cretino que já perdeu a vergonha e, portanto, nada mais tem a perder), este poder deve ser explicado às pessoas – a propaganda e o seu papel na história da humanidade.

E vai sempre dar ao mesmo – precisámos de educação. De promover uma cultura democrática que se baseie em valores e alicerces sociais que não embandeirem em arco ao mínimo vislumbre de lucros ou de caos. Para alguns são sinónimos, e esses assumem muitas vezes o papel político que pretende perturbar o bem-estar comum.

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