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A resposta da esquerda aos trabalhadores 

Rui Antunes
Opinião \ quarta-feira, novembro 20, 2024
© Direitos reservados
Um pais que avança a duas velocidades, uma para quem tem tudo facilmente e outra para quem trabalha e não sai da pobreza, é o caldo perfeito para alimentar o ressentimento

O resultado das presidenciais dos Estados Unidos da América fez soar os alarmes na esquerda americana e mundial. Várias o perguntas impõe-se. Como é que um candidato machista, racista e xenófobo conseguiu arrecadar o voto popular? De que forma a esquerda deve responder para reconquistar os espaço ocupado pela extrema-direita? Apesar das respostas não serem simples e exigirem estudo e aprofundamento, a reflexão deve ser feita.

O sindicalismo está em crise profunda e a esquerda tem tido dificuldade em responder às classes trabalhadoras. As enormes dificuldades que tem vindo a enfrentar, desde a crise financeira da década anterior até à recente crise inflacionista, fez com que a qualidade de vida dos trabalhadores diminui-se significativamente. Com o número de imigrantes a aumentar, alguns deles têm até medo de ser substituídos por trabalhadores mais baratos vindo de países mais pobres. Ainda há as novas formas de trabalho assentes em plataforma, aumentando a precariedade. Os trabalhadores perdem direitos e os salários contraem.

A exigência tem de ser radical. Não chega a manutenção da situação atual, lutando para não piorar. É preciso ser exigente e obrigar a regressar à lei que permite a negociação coletiva, por exemplo. Numa relação cada vez mais desigual, os trabalhadores necessitam de recuperar o seu poder de negociação. Os trabalhadores organizam-se se sentirem que a sua luta por aumentos salariais, mas fundamentalmente pela conciliação da vida pessoal com a profissional, como a semana de quatro dias, é justa e recompensa.

A luta deve ser também interseccional. Os trabalhadores precisam de casas a preços que possam pagar, de escolas, hospitais e serviços públicos de proximidade e com qualidade. Por isso, são necessários impostos sobre fortunas que diminuam as desigualdades na distribuição dos rendimentos e da riqueza. Um pais e um mundo que avança a duas velocidades, uma para quem tem tudo facilmente e outra para quem trabalha e não sai da pobreza, é o caldo perfeito para alimentar o ressentimento. Essa raiva desagua em respostas simplistas e falaciosas da extrema-direita, que capitaliza o voto dos pobres quando todo o seu programa protege os ricos. 

Os grandes problemas dos trabalhadores são causados pela pobreza e as desigualdades. O objetivo deve ser então desenhar políticas públicas que visem resolver estas questões. 

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