Há luz ao fundo do túnel?
As últimas semanas foram pródigas em novidades no seio Vitoriano e que não se compadecem com a periocidade mensal com que estes artigos são publicados. No último artigo, comentava a inconstância de treinadores e a preocupação por as épocas desportivas praticamente começarem com um treinador que não foi responsável pela sua preparação.
A escolha de Paulo Turra foi claramente um erro de casting desta direção que, em abono da verdade, teve a coragem de o assumir e corrigir rapidamente, não protelando uma situação que, mais cedo ou mais tarde, se tornaria insustentável e com maiores prejuízos para o clube.
Sempre defendi que precisamos de estabilidade a todos os níveis, mas estabilidade não é sinónimo de passividade. Para nós Vitorianos não é suficiente ganhar, pois o nosso ADN exige um futebol positivo, mesclado com classe e garra. Só mesmo quem desconhece o Vitória e a sua história é que pode pensar e acreditar que basta ganhar!
Julgo que a maioria dos Vitorianos ficou satisfeita com a escolha de Álvaro Pacheco. Os primeiros resultados foram positivos, mas o que sobressai mais é a mudança de atitude do plantel na forma como tem encarado os desafios e na ligação que tem com o novo timoneiro e que nunca vimos com Paulo Turra.
Agora é aguardar e desejar que, pelo menos nos próximos dois anos, o treinador não volte a ser tema e que a Direção possa estar focada a resolver assuntos bem mais prementes para o futuro do clube e que são motivo de preocupação para os sócios do Vitória.
É inegável que uma boa prestação da equipa de futebol faz esmorecer certas preocupações e por vezes dá a sensação que certas dificuldades já findaram, mas infelizmente essa não é a realidade. As AG’s do clube e SAD têm, entre outras virtudes, o condão de nos chamarem à realidade.
Se é verdade que as contas consolidadas do clube e SAD em 2022/23 apresentaram um lucro de 6,4 milhões de euros, ainda estamos muito longe de ver a tão ansiada luz ao fundo do túnel. É sempre positivo verificar que existe uma inversão no caminho calamitoso que estávamos a seguir, principalmente na gestão da SAD, mas continuamos com um passivo consolidado (clube e SAD) de 58,3 milhões de euros, sendo que aproximadamente metade deste passivo é corrente, ou seja, engloba todas as obrigações financeiras a cumprir no prazo de um ano!
Se no jogo jogado, podemos por vezes invocar a palavra sorte (ou falta dela), na gestão não podemos ter essa veleidade. Pensar que temos previstos gastos operacionais de 25 milhões e que a quotização, lugares anuais e camarotes representam pouco mais de 13% das receitas necessárias, precisamos de obter por outros meios pelo menos 22 milhões de euros para equilibrar o orçamento.
Infelizmente não vemos a luz ao fundo do túnel e contrair dívidas a taxas de juro usurpadoras para pagar dívidas existentes não é certamente a solução. Pode protelar as dificuldades a curto prazo, mas amplia ainda mais o problema a longo prazo.
Saudações Vitorianas!