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As vindimas em Guimarães

Alfredo Oliveira
Opinião \ quinta-feira, setembro 16, 2021
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Temos vinhos verdes excelentes e os consumidores voltaram a sentir o prazer de beber um bom vinho branco fresco (a maioria) e os defensores do tinto não ficam confinados a uma população mais sénior.

O “torna, torna” já só ecoa e permanece na memória de uma geração mais antiga. É com uma certa nostalgia que se recorda o pegar numa escada e numa corda, com um cesto, para trepar às videiras entrelaçadas nas árvores, a vinha de enforcado, instaladas nos limites dos campos e ao longo dos caminhos. Convencer os miúdos que a apanha dos bagos que os vindimadores deixavam pelo caminho ao longo das ramadas dava para encher meia pipa de vinho foi algo típico nas vindimas desta região do noroeste português. A pisada que os homens faziam no final do dia, depois de um mata-bicho pela manhã, do bacalhau frito ou do cozido para dar força durante a tarde, tudo isto foi mudando ao longo dos tempos.

Nestas mudanças, temos também uma quebra na área de produção do vinho verde. No entanto, essa realidade não se traduz num aspeto negativo, pois a produção não se ressente e o fundamental, que temos de relevar, é que a qualidade subiu de uma forma exponencial nos últimos anos.

Hoje, temos vinhos verdes excelentes e os consumidores voltaram a sentir o prazer de beber um bom vinho branco fresco (a maioria) e os defensores do tinto não ficam confinados a uma população mais sénior.

As quintas localizadas nesta sub-região do Ave (Guimarães, Vila Nova de Famalicão, Fafe, Santo Tirso, Trofa, Póvoa de Lanhoso, Vieira do Minho, Póvoa de Varzim, Vila do Conde e a maioria do concelho de Vizela), como temos vindo a dar conta nas edições do Jornal de Guimarães em revista, têm apostado nas castas Arinto e Loureiro que, como refere a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), “as mais adequadas a este tipo de clima ameno, devido a maturação média, nem precoce nem tardia”. Há ainda a considerar, como se pode ler no respetivo site, “a casta Trajadura que, por amadurecer precocemente, é mais macia, completando na perfeição um lote de vinho com Arinto e Loureiro”.

No destaque desta edição, o leitor pode relembrar esse passado e conhecer a evolução deste setor vinícola inserido na região demarcada dos vinhos verdes reconhecida em setembro de 1908, sem esquecer o papel da Adega Cooperativa de Guimarães, fundada em 1962, por 82 viticultores.

 

Nesta edição fica ainda a recuperação da história da mota idealizada por um vimaranense e que se traduziu num sucesso de vendas nas décadas de setenta e oitenta do século vinte. A Famel XF-17, a mota mais vendida de sempre no nosso país, está a ser recuperada, agora numa versão elétrica, também por outro vimaranense.

 

“Um de nós, Jorge Sampaio”. É este o título da crónica de António Amaro das Neves e que resume o sentimento dos vimaranenses para com o Presidente da República falecido a 10 de setembro de 2021 e que teve um papel fundamental na Capital Europeia da Cultura 2012.

 

Boas leituras.

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