Balanço feito esperança...
Balanço é palavra dominante no fim de mais uma volta da terra ao astro maior chamado sol. Balanço do que foi feito, balanço do que tanto queremos e, antecipadamente, sabemos não conseguir alcançar na totalidade, Balanço para ganhar Balanço para mais uma volta ao sol prometida para daqui a poucos dias!
Balanço nosso sobre a nossa vida; balanço das instituições e empresas que, entre planos de actividades e contabilidade, reflectem e projectam; Balanço dos “políticos”, de todos aqueles que se aproximam do fim do seu exercício assumido, aqueles que se apresentam à partida electiva e aqueles que continuarão na sua actividade quotidiana, seja na tentativa de “ficar à tona da água”, seja de não naufragar, seja de caminhar e construir; Balanço dos grupos desportivos, sociais, associativos, culturais, tentando corrigir e potenciar o que foram capazes de desenhar, produzir e exibir, derrotas marcadas, troféus exibidos.
Balançar é, pois, um exercício necessário e útil, saudável e exigível para quem ousar e desejar crescer e melhorar.
Todavia, convém não esquecer que há sempre a dualidade de perspectivas, entre aquela do copo meio cheio e a oposta, aquela do copo meio vazio. Há sempre o ponto de vista do que foi feito, suprimido, conquistado, do que foi adicionado sem olhar para tudo o que foi desperdiçado ou inalcançado, seja por que razão for e o outro ponto de vista, inverso, do que ficou por fazer e poderia | deveria ter sido feito.
Por isso, talvez mais importante do que o Balanço em si mesmo, assume relevância o que fazemos com esse Balanço mais uma vez, focando-nos não “no quê”, mas sim, e principalmente, no “como” e “para quê”.
Quando assistimos a balanços circunstanciados onde o mais relevante não é o tema, mas quem o relevou e relativizou, quando assistimos a balanços em que o autor é maior do que a própria obra, ainda mais quando assistimos a balanços em que o protagonista se fixa num só (quando esse protagonismo é colectivo) e a obra é exacerbada para lá de realismos diversos, poderemos questionar o fim bom do Balanço e limitarmo-nos ao usufruto indiferenciado da festa…
Cada vez mais, na esfera pública, emerge a necessidade do equilíbrio e do bom senso, da imparcialidade e da coerência. Não se trata de abdicar da nossa percepção e do nosso pensamento, da nossa leitura e da nossa opinião, antes pelo contrário! Devemos afirmar a nossa perspectiva, sem dúvida, mas num contexto de equilíbrio e razoabilidade, atendendo a tudo o que nos respeita e envolve. E usar tudo o que produzimos e é tanto, e desse tanto, tanto é bom – para o bem de todos nós, fazendo-nos crescer enquanto indivíduos e comunidade.
2024 foi um ano único, e como todos os outros, irrepetível, onde a humanidade evoluiu e se desenvolveu, regrediu e empobreceu, solidarizou-se e guerreou, gritou e silenciou; onde o país divergiu e tergiversou, se governou e desgovernou, sonhou e impactou, tanto falou, discutiu, protestou, legislou sobre economia, mobilidade, habitação, tanto se centrou no afamado “PRR” e tanto se anima e empalidece com o mesmo; onde a cidade e todos nós ganhamos e perdemos, protelamos e projectamos, perseguimos prémios e projectos… na certeza de que todos, sem excepção, chegam ao dia de hoje condicionados pelo passado construído, mas com futuro feito esperança de que, por muito pouco que seja, tudo pode ser melhor!
E este parece ser o balanço tão mais simples como mais relevante: independentemente de tanto que ficou por fazer, independementemente de tudo o que foi feito e conquistado, o amanhã pode ser melhor, pode sempre ser melhor. Esse é o balanço feito esperança que todos devem abraçar para 2025!
Bom Natal e bom 2025!