Brasileiros em Guimarães
A população residente em Portugal poderá passar dos atuais 10,3 milhões para 8,2 milhões em 2080. Contudo, na Área Metropolitana de Lisboa e no Algarve, a população residente poderá aumentar. Começava desta forma um estudo do Instituto Nacional Estatística (INE), publicado em março de 2020. O próprio estudo afirmava que não se tratava de uma previsão, mas sim de uma projeção “se-então”, suportada em hipóteses de evolução das variáveis da fecundidade, mortalidade e migrações.
Tendo em atenção esses condicionalismos, num cenário mais positivo, a população portuguesa poderia aumentar para 10,6 milhões. Numa situação negativa ou trágica, diríamos nós, a população portuguesa poderia diminuir até aos 6,1 milhões, em 2080.
Nesse estudo, o ano de 2035 seria o momento-chave do futuro da população portuguesa e poderia ser o momento para iniciar esse declínio populacional.
Se esta projeção “se-então” mais negativa acontecer, em 2080, vamos ter claramente, em Portugal, uma quebra da população mais jovem, um índice de envelhecimento onde teremos 300 idosos por cada 100 jovens e uma quebra de cerca de dois milhões de pessoas em idade ativa (15 a 64 anos), entre outros aspetos.
Uma população aumenta ou diminui atendendo à evolução de quatro variáveis. À população existente somam-se os que nascem durante um ano, retiram-se os que morrem, acrescentam-se os estrangeiros que procuram o nosso país e subtraem-se os portugueses que procuram outros países para viver.
Neste enquadramento, se continuarmos a assistir à redução do número de filhos por casal, Portugal só poderá recorrer à população vinda de outros países para evitar a quebra populacional e, por outro lado, obstar a que os portugueses procurem outras paragens para viverem. O país terá de estar preparado para assumir algumas medidas para contrariar esta possível evolução e deveria fazê-lo desde já. Será fundamental estar atento a estas dinâmicas da população, implementar medidas que possam contrariar uma evolução negativa e ir preparando as consequentes mudanças na sociedade.
Se nos reportamos ao concelho de Guimarães, temos assistido, como é do conhecimento público e discutido nas campanhas eleitorais, a uma quebra populacional desde 2001.
Consultando outros dados do INE, podemos ver que Guimarães, em termos de população estrangeira em situação legal, entre 2011 e 2021, aumentou em cerca de mil habitantes, o que significa que a perda populacional poderia ser maior caso não tivéssemos a chegada destes imigrantes.
Esses dados mostram também que os brasileiros começam a dominar claramente em termos de população residente estrangeira em Guimarães. Essa presença começa a ser evidente em vários setores vimaranenses. É essa presença, a vivência da população brasileira em Guimarães, que é retratada nesta edição.
A primeira edição de 2023 tem outras matérias que merecem uma atenção do leitor.
Umas boas leituras em 2023.