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Cartão Vermelho à Violência

Rui Antunes
Opinião \ terça-feira, maio 10, 2022
© Direitos reservados
O futebol é um desporto de tolerância e respeito mútuo. Comportamentos violentos têm de sofrer castigos severos.

No último fim-de-semana, mais uma vez, assistimos a um lamentável episódio de violência gratuita num recinto desportivo. No Estádio do Bessa, onde decorreu o jogo entre o Boavista Futebol Clube e o Vitoria Sport Clube, o jogador Rochinha foi sujeito a insultos gratuitos. A situação é recorrente e é já a terceira vez que o desportista do emblema vimaranense é obrigado a ouvir cânticos que invocam a morte da mãe.

Os eventos desportivos, nomeadamente os jogos de futebol, que entusiasmam e mobilizam milhares de famílias com crianças e jovens, devem ser espaços de competição com respeito pelo outro. Não podemos permitir que a vida e a condição pessoal, em especial situações de infortúnio, sejam utilizadas para afetar negativamente o desempenho profissional de um desportista.

A violência no desporto, e no futebol em particular, é um problema crónico em Portugal que urge ser combatido veemente por todas as entidades envolvidas na modalidade. Por isso, surpreende que, até ao momento, não haja qualquer pronúncia da Liga Portugal e da Federação Portuguesa de Futebol sobre o sucedido. Nem uma palavra de solidariedade para com o jogador, e sua família, nem a condenação destas atitudes dos adeptos, nem a abertura de qualquer procedimento disciplinar. A criação de ambientes saudáveis de competição depende de todos, mas compete à organização da Liga dedicação especial para controlar estes fenómenos que mancham o desporto. Tratando-se de uma situação de violência repetida, não se compreende a razão para ainda não ter sido tomada qualquer medida para penalizar os agressores.

O futebol deve ser jogado e apoiado em cumprimento de elevados padrões de ética e responsabilidade. Os adeptos devem estar conscientes da violência que as suas palavras e atitudes tem no estado psicológico dos atletas. Por isso, todas as entidades devem pugnar pelo cumprimento dos códigos de conduta e acionar os mecanismos de penalização. Responsabilizar individualmente os adeptos prevaricadores, disciplinar e criminalmente, é uma via que pode ser adotada pela Liga e pelos clubes. Além disso, tratando-se de um problema generalizado, também é necessário que haja responsabilidades sacadas aos clubes.

Enquanto entidades promotoras dos eventos nos próprios estádios, os clubes devem ser severamente penalizados quando se verificam situações como esta. Por um lado, as multas têm de ser elevadas para obrigar as direções dos clubes a instaurar procedimentos que evitem situações semelhantes. Por outro, tratando-se de situações recorrentes, interditar o estádio parece ser a dor necessária para fazer acordar os responsáveis para a necessidade de buscar a cura. O futebol é um desporto de tolerância e respeito mútuo. Comportamentos violentos têm de sofrer castigos severos.

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