Centros comerciais citadinos numa encruzilhada
A partir dos anos 80, em vagas sucessivas, surgiram vários centros comerciais citadinos, caso do Villa, do Castelo, do Fundador, do Palmeiras, do Santo António, do Triângulo e do São Francisco, bem como as galerias do Toural e Atlântico. Na periferia mais urbanizada, surgiu o Passerelle em Caldas das Taipas e, em São Jorge de Selho, o Jardim e o Pevidém. Estes espaços surgiram com grande dinamismo e muita expectativa de revolucionarem o comércio local e as áreas onde se implementaram.
Passadas mais de três décadas, após a primeira inauguração, a realidade mostra que essa replicação de espaços comerciais ultrapassou largamente a procura por parte dos consumidores.
A uma excessiva oferta, poderemos juntar outras explicações para o seu declínio, algumas delas apontadas pelos próprios comerciantes como se pode ler na reportagem publicada nesta edição.
Estes espaços comerciais, para além de uma oferta muito direcionada para os seus consumidores tradicionais, vivem ou deveriam viver da criação de uma imagem que leve esses potenciais compradores a deslocarem-se a esse espaço mesmo não tendo uma ideia definida do que pretendem adquirir. Por outras palavras, esperam que esse espaço e estabelecimentos aí existentes o surpreendam. O problema é quando a inércia é superior à inovação ou renovação.
A estes espaços, num tempo de quebra populacional e de poder económico, já não é suficiente essa proximidade. Tem de se ter presente que o perfil do comprador vai mudando cada vez mais rapidamente. Basta ver o crescimento exponencial do comércio online em praticamente todas as vertentes do consumo.
Recuperando a história da cidade, e procurando outras explicações, naturalmente, temos de evidenciar o erro estratégico de se ter deslocalizado o mercado do centro para uma área mais periférica, o que retirou destas ruas urbanas muitos dos seus potenciais compradores. A mudança da feira e, naturalmente, o aparecimento dos grandes centros comerciais ajudou a acentuar o declínio dos espaços comerciais da cidade.
Alguns, poucos, foram capazes de alterar a sua funcionalidade. Apostaram em algo que leva as pessoas a deslocarem-se objetivamente a essas lojas. A oferta de serviços especializados foi um caminho encontrado.
A pandemia que vivemos acabou por colocar um travão a algo que estava a revitalizar o comércio de rua e, por arrasto, alguns destes centros de comércio citadino. O crescimento do turismo estava a funcionar como uma alavanca a alguns desses espaços. Espera-se uma retoma neste domínio, mas falta saber se existirá tempo para a sobrevivência e reformulações num mundo comercial completamente saturado.
À nona edição, o Jornal de Guimarães em Revista chegou ao período natalício, época especial vivida num momento com condicionalismos especiais.
Apesar dos constrangimentos, desejamos aos nossos leitores e anunciantes um Feliz Natal e um excelente 2022.