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Cidades Impossíveis

Rui Antunes
Opinião \ terça-feira, agosto 30, 2022
© Direitos reservados
Exemplos de projetos de inovação social e ambiental ilustram como os governos locais têm capacidade de transformações radicais da vida das pessoas.

Os graves problemas das nossas cidades parecem impossíveis de resolver. Há sempre alguém que, confrontado com alguma solução inovadora, apresenta obstáculos à sua concretização. Os problemas portugueses são semelhantes às cidades europeias. Alguns destes governos locais têm desencadeado estratégias para resolver problemas de habitação e mobilidade. A série documental de Ricardo Moreira, Cidades Impossíveis, mostra precisamente alguns bons exemplos.

No caso alemão, o município de Berlim, confrontado com aumentos das rendas superiores aos crescimentos de salários, aplicou políticas que garantam o direito à habitação. Além de ter adquirido milhares de casas para as arrendar a famílias pobres e da classe média, garantiu que as rendas das novas habitações ficariam congeladas durante anos. O controlo público de parte do mercado de arrendamento é uma medida necessária e justa que impede a escalada de preços e garante o acesso a preços que as pessoas podem pagar.

Em Bruxelas, este documentário mostra como é possível aproveitar espaços inutilizados, como os telhados dos prédios, para produzir produtos hortícolas e até peixes. Com escassez de espaço para a agricultura e com a pressão do mercado alimentar a nível mundial, assegurar a soberania alimentar das comunidades é imperiosa.

Na cidade catalã está a acontecer uma revolução no espaço público. Barcelona está a devolver as ruas às pessoas e, parar isso, está a retirar os carros de uma boa parte das ruas. É um processo faseado, começando por zonas onde a pressão automóvel era mais violenta, mas que cada vez mais tem o interesse da população de outras zonas da cidade. Os superquarteirões agora criados estão a devolver vida às ruas, com pessoas de todas as idades a usufruir com conforto e segurança do espaço público mais verde.

O Luxemburgo revela em como os recursos públicos podem ser canalizados para fins que verdadeiramente resolvem os problemas das pessoas. Em vez de mais dinheiro para construção e manutenção de estradas, o governo financia na totalidade os transportes públicos. Esta gratuitidade começou por ser apenas para jovens estudantes. Hoje, residentes, trabalhadores e turistas não pagam. A mobilidade urbana é então entendida como uma questão transversal e as políticas são desenvolvidas com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das populações.

Por último, esta série documental demonstra como Helsínquia tem sido das poucas cidades europeias onde a população sem abrigo tem diminuído. A cidade finlandesa adota o princípio de Housing First, segundo o qual a habitação é a prioridade, só depois se podem resolver os restantes problemas sociais que afetam esta camada mais frágil da sociedade.

Estes exemplos de projetos de inovação social e ambiental ilustram como os governos locais tem capacidade de transformações radicais da vida das pessoas. Com vontade e coragem política é possível enfrentar os graves problemas de habitação e mobilidade e construir concelhos onde as pessoas estão em primeiro lugar.

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