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Cuidados de saúde - uma necessidade de reflexão para os políticos

Prof. Dr. José Cotter
Opinião \ sexta-feira, novembro 26, 2021
© Direitos reservados
Os diferentes governos (e não apenas este último) demonstraram-se absolutamente incapazes de reformar de forma eficaz e sustentada um SNS que agoniza e caminha para o colapso total

A instabilidade politica neste momento em Portugal é uma realidade. No que respeita à sua repercussão na qualidade dos cuidados de saúde prestados aos cidadãos, ela poderá ser grande no que ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) diz respeito.

Em primeiro lugar este último padece de um problema crónico que se refere à incapacidade dos políticos, dos mais diferentes quadrantes, conseguirem fazer um “pacto de regime” que atravessando os diferentes governos, procure manter uma linha de rumo com que a maioria da população beneficie. Ao longo dos anos nunca a classe política foi competente para dar este passo fundamental. Pior será num período em que é público que o SNS está a “arder”, em que todos os dias surgem publicamente graves problemas (sejam eles em Leiria, em Faro, em Braga, em Setúbal), e que em que se sabe que existe um Governo com o fim à vista e como tal incapacitado de tomar decisões de fundo, mas sim apenas medidas provisórias que nada resolvem de forma definitiva.

Além disso, os diferentes governos (e não apenas este último) demonstraram-se absolutamente incapazes de reformar de forma eficaz e sustentada um SNS que agoniza e caminha para o colapso total. São as insuficiências de pessoal, a ausência de progressão nas carreiras, os concursos que demoram anos, a ausência de contratação, as baixas remunerações, a inexistência de incentivos, a deterioração das instalações, as necessárias autorizações cada vez mais centralizadas e demoradas, os défices cada vez maiores, em suma a ausência de uma política salvadora de um serviço público que é essencial para todos nós.

Claro que se pode argumentar que os cuidados de saúde são cada vez mais caros, que a evolução da tecnologia aplicada à medicina a isso levou, mas isso são realidades insofismáveis que não têm retorno e que nos trouxeram qualidade, segurança, melhoria da qualidade de vida e aumento da longevidade. É necessário é encontrar soluções para manter serviços com qualidade, como é legítimo ambicionar por parte de quem paga avultados impostos e também de quem é mais desprotegido na sociedade.

E é isso que não tem acontecido, antes pelo contrário. Por incrível que pareça, mesmo dentro de um mesmo quadrante politico, tem-se assistido a mudanças radicais de orientação de rumo apenas desencadeadas pela alteração de um simples ministro(a), lançando fora todo um trabalho anterior (bom ou mau, conforme tem sido os casos). Este é pois mais um momento crítico, em que atravessamos uma pandemia ainda não resolvida na totalidade, em que se avizinha um período invernoso habitualmente difícil em termos de resposta por parte dos cuidados de saúde, e em que existe uma desorientação
assinalável com uma resposta absolutamente insuficiente.

Será legítimo perguntar porque têm tido cada vez mais sucesso os cuidados de saúde privados. E não terão eles algumas soluções que podem ser importadas para o SNS? Se for para melhorar não pode haver dogmas nem ideologias politicas que se sobreponham.

Deveria ser este um tempo de reflexão para os políticos dos vários quadrantes no sentido de se entenderem e acudirem àquilo que ainda é possível salvar, trabalharem e reformarem positivamente de forma a poderem garantir à população que poderá contar com cuidados de saúde de proximidade, atempadas, que inspirem confiança, com uma forte vertente preventiva além da curativa, constituídos por profissionais que se sintam realizados e com instalações condignas e apetrechadas adequadamente. Sempre tendo em consideração que a saúde é o nosso bem maior!

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