De novo em Sabroso
Decorreu, nas últimas semanas, uma pequena campanha arqueológica no Castro de Sabroso, em São Lourenço de Sande. A nova realidade do monumento, desde que se encontra aberto ao público, levanta novas questões e desafios quanto à gestão do espaço. Uma dessas questões tem que ver com a existência de numerosas escombreiras, resultantes de escavações antigas, que podem hoje perturbar, ou facilitar, conforme os casos, a leitura de alguns sectores do antigo castro. Perturbar porque estes aterros – literalmente, a terra retirada das escavações e amontoada, geralmente num plano mais baixo – ocultam estruturas arqueológicas não escavadas. Facilitar porque estes montículos também proporcionam pontos de visualização que não existiam antes das primeiras campanhas. Existe um fenómeno idêntico, não tão evidente, na vizinha Citânia de Briteiros.
Foi sobre dois desses amontoados de terra e pedras, formados no século XIX, que incidiram os trabalhos de escavação, além de algumas tarefas complementares de registo dos diferentes aparelhos das muralhas.
A escavação de uma dessas escombreiras, numa extensão de nove metros, revelou um alçado completo da primeira muralha de Sabroso, fotografado por Sarmento na década de 1870 e que, portanto, já tinha estado à vista, tendo sido depois ocultado pelas terras da escavação das casas a montante. Coincide este trecho com o ponto onde confluem três fases distintas da construção da muralha, denunciada pelos diferentes aparelhos: a base da estrutura defensiva, um alteamento da mesma e, finalmente, um reforço da base. Este reforço pode ser justificado pela pouca sustentabilidade desta estrutura monumental, ou pela reparação necessária no seguimento de danos consideráveis. Mas também se mantém a possibilidade de ter tido uma intenção claramente estética.
Face da muralha colocada à vista na campanha de 2025
Noutra escombreira, a surpresa veio de um elemento escultórico que pode ter um carácter excecional, dependendo do estudo preliminar que ainda decorre.
A campanha integrou a formação de cinco estudantes de Arqueologia da Universidade do Minho, que assim fizeram a sua digressão pela cultura dos castros, num dos seus mais célebres exemplares.