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Défice climático

Rui Antunes
Opinião \ terça-feira, agosto 02, 2022
© Direitos reservados
A sustentabilidade da nossa existência está dependente da defesa da natureza, da proteção dos recursos e da alteração dos padrões de consumo.

Desde os anos 70 que temos vindo a consumir cada vez mais recursos naturais. A indústria extrativista explora áreas mais vastas, destruindo a natureza. Os ecossistemas são deixados sem qualquer capacidade de recuperação. Os modelos económicos assentes no consumo exigem mais do que a Terra tem para dar. As organizações não governamentais Global Footprint Network e WWF dedicam-se a medir a pegada ecológica da nossa vivência. Em 2022, concluíram que o Dia de Sobrecarga da Terra (Overshoot Day) foi a 28 de julho. No caso de Portugal, esgotamos os nossos recursos bastante antes, a 7 de maio.

Marcar este dia simbólico vem chamar atenção para a dimensão do défice que é preciso combater para assegurar que a vida no planeta é possível. Continuar a promover a destruição da natureza é sentenciar a humanidade à extinção. O aumento da temperatura terrestre é causado principalmente pela diminuição da mancha florestal e pelas emissões de gases na queima de combustíveis. Como consequência, os ecossistemas são alterados de forma rápida e acentuada, provocando fenómenos metrológicos extremos.

Na Europa, este verão tem sido marcado por ondas de calor. Em países tradicionalmente mais frios, os termómetros chegaram aos 40 graus. Portugal enfrenta também seca em praticamente todo o território e julho registou um aumento anormal no número de óbitos, provavelmente provocado pelo calor extremo. Os solos secos têm ainda como consequência a facilidade para a propagação de incêndios, que passam a ser maiores e de mais difícil combate. Noutros pontos do globo, como EUA, China e Índia, os fenómenos extremos são outros e registam-se precipitações anormais que provocam inundações catastróficas.

Estes desastres climáticos extremos tendem a ser mais frequentes e agressivos no futuro se nada for feito. Precisamos de agir e alterar o nosso modelo de sociedade. A sustentabilidade da nossa existência está dependente da defesa da natureza e da proteção dos recursos, como a água e a floresta, e da alteração dos padrões de consumo, que deve ser responsável, privilegiando circuitos curtos de distribuição e transportes sustentáveis.

Aqui em Guimarães, podíamos começar pela gratuidade nos transportes urbanos, para eliminar a excessiva dependência do transporte individual e expulsar os carros que diariamente entopem o espaço público. De certeza que pouparíamos as toneladas de gases poluentes e os milhões de euros que vão para a Galp. Ficavam as pessoas que querem viver num território saudável. A natureza agradece e as futuras gerações também.

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