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Ebulição global

Rui Antunes
Opinião \ segunda-feira, julho 31, 2023
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O ponto de não retorno, com alterações climáticas irreversíveis e impactos catastróficos em todo o planeta, está cada vez mais próximo.

O alerta é do secretário-geral da ONU que afirmou que passamos da era do aquecimento global para a era da “ebulição global". As palavras não podiam ser mais duras para os líderes mundiais, a quem António Guterres pediu que intensifiquem a ação climática e a justiça climática, em particular aos países do G20, responsáveis por 80% das emissões poluentes. Estas declarações surgem na sequência das conclusões da Organização Meteorológica Mundial (OMM) e do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas do Copernicus (C3S), que atestaram que julho será o mês mais quente de sempre, situação que classificam como “notável e inédita”.

Tanto a temperatura ambiente tem atingido máximos nunca antes registados, como a temperatura do mar. Esta semana, a temperatura da água do Mar Mediterrâneo chegou aos 30.º Celcius e, na Florida, EUA, o Oceano Atlântico esteve perto dos 40.º C. Estas temperaturas fazem com que as correntes marítimas sejam alteradas irreversivelmente. Num estudo publicado na Nature Communications, cientistas alertam que a Circulação Termosalina Meridional do Atlântico (AMOC) é um elemento essencial para o equilíbrio do sistema climático e que poderá colapsar já partir de 2025.

O ponto de não retorno, com alterações climáticas irreversíveis e impactos catastróficos em todo o planeta, está cada vez mais próximo. Estes avisos por parte de cientistas não são novos, mas são cada vez mais preocupantes. Com o incumprimento das metas de emissões definidas no Acordo de Paris, a temperatura aumentará muito além dos limites definidos. A responsabilidade é clara: são os humanos e as suas atividades extractivistas. A nossa inação está a destruir o planeta.

Os impactos das alterações climáticas já se fazem sentir. Ondas de calor avassaladoras, incêndios incontroláveis, cheias e tempestades estão a tornar muitos locais inabitáveis. Os resultados são milhões de refugiados climáticos. De acordo com o relatório do Internal Displacement Monitoring Center (IDMC), em 2021, 22,3 milhões de pessoas foram condenadas a abandonar as suas casas. Paradoxalmente, é nos países do sul global, cujas emissões são mais reduzidas, onde há mais impactos negativos.

Por isso, os países do norte que mais poluem têm uma responsabilidade acrescida na resolução deste problema e deveriam liderar as mudanças que protejam o planeta. Os investimentos na transição energética devem ser prioritários, principalmente na indústria e transportes. Guimarães fazer parte do projeto NetZeroCities da União Europeia deve ser encarado como um desígnio essencial à garantia de um ambiente limpo e saudável e uma oportunidade para desenvolver políticas locais que protejam a água e a floresta e assegurem transportes públicos sustentáveis. Façamos a nossa parte e exijamos que os outros façam também.

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