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Educação superior para diminuir a pobreza

Rui Antunes
Opinião \ quarta-feira, dezembro 21, 2022
© Direitos reservados
Um país de baixas qualificações e de baixos salários não tem futuro. O conhecimento e a inovação são a melhor forma de promover crescimento e desenvolvimento económico.

A educação continua a ser o melhor modo para subir no elevador social. Pessoas com mais formação tem maiores possibilidades de encontrar melhores empregos com salários mais elevados. Infelizmente, em Portugal, este elevador parece estar avariado e os jovens das famílias mais pobres continuam a enfrentar enormes dificuldades na continuidade dos estudos.

Desde 2020, os exames nacionais do Ensino Secundário apenas são obrigatórios para acesso ao Ensino Superior. O jornal “Público” analisou os últimos relatórios dos júris dos exames e conclui que os exames nacionais realizados por estudantes beneficiários de ação social escolar caiu para metade entre 2018 e 2021, representado agora cerca de 15,3% do total. Estes resultados demonstram que, da mesma forma que já vinha a acontecer no Ensino Básico e Secundário, onde os mais pobres tendem a optar por cursos profissionais, também no Ensino Superior os jovens de famílias desfavorecidas optam por cursos técnicos superiores profissionais. Estes cursos não exigem exame para admissão e só têm a duração de dois anos, no entanto não conferem grau académico o que, naturalmente, terá consequências nas possibilidades de empregos no futuro. Muitos destes jovens desistem de se candidatar a licenciaturas porque sabem que não terão condições económicas para sustentar a sua frequência.

No mesmo sentido, estes dados devem fazer-nos refletir sobre a importância de combater as desigualdades sociais e de garantir a qualificação da população. Países com pessoas mais qualificadas são também aqueles que mais inovam e desenvolvem produtos e serviços de maior valor acrescentado. Um país de baixas qualificações e de baixos salários não tem futuro. O conhecimento e a inovação são a melhor forma de promover crescimento e desenvolvimento económico.

Por isso, é necessário assegurar que o ensino público é gratuito. O Bloco de Esquerda, no âmbito do acordo parlamentar da geringonça, conseguiu a redução das propinas de 1037 para 697 euros. Esse caminho foi, infelizmente, interrompido. Além disso, as despesas mensais em habitação, transportes, alimentação e material escolar facilmente ultrapassam um salário mínimo, o que é incomportável para a maioria das famílias. Acabar com as propinas e aumentar os apoios sociais em função da condição socioeconómica é essencial para que todos os jovens que queiram frequentar uma licenciatura o possam fazer. O ciclo da pobreza e da exclusão social tem de ser interrompido e é através da educação que a sociedade garante as melhores condições para que toda a gente possa maximizar o seu potencial e consiga ser o que sonhar.





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