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Iranianas estão em luta

Rui Antunes
Opinião \ terça-feira, setembro 27, 2022
© Direitos reservados
Enfrentam a teocracia iraniana com coragem para acabar com a violência machista que lhes oprime diariamente direitos básicos de independência e autodeterminação.

As ruas do Irão têm sido palco de protestos contra do poder político e religioso por causa da imposição do hijab às mulheres. O rastilho para estes gritos de revolta foi o assassinato de Mahsa Amini pela polícia moral iraniana. A jovem foi presa enquanto viajava para casa com o irmão por não usar corretamente o hijab. Na sequência de agressões violentas, acabou por morrer no hospital.

Apesar da forte e agressiva repressão policial às manifestações, e da censura da internet e das redes sociais, o espaço público tem sido ocupado por mulheres que exigem respeito. São vários os vídeos que circulam com mulheres solidárias a queimar o hijab e a cortar o cabelo. Enfrentam a teocracia iraniana com coragem para parar a violência machista que lhes oprime diariamente direitos básicos de independência e autodeterminação. A religião e Deus são usados para subjugar estas mulheres às vontades dos homens. Dizem basta, querem ser livres e lutam por isso.

E esta contenda merece a solidariedade de todos nós, porque esta imposição de obrigações ridículas às mulheres tem mesmo de acabar, dentro e fora do Irão. O Presidente iraniano Ebrahim Raisi, em Nova York, exigiu que que a jornalista da CNN tapasse o cabelo para dar a entrevista. Christiane Amanpour recusou e a entrevista não aconteceu. Também este fim de semana, os seguranças da seleção iraniana impuseram a Isabelle Latifa Barker usar hijab, na Áustria, para entrevistar o treinador Carlos Queirós e os jogadores. A jornalista do ‘The Sun’ acabou mesmo por um usar uma camisola a fazer de hijab e denunciou a situação nas suas redes sociais.

A luta pela liberdade e democracia deve ser diária, tanto no Irão como em todo o mundo. Exigir a garantia de direitos básicos e defender os adquiridos, caso contrário são ameaçados. Os retrocessos civilizacionais que temos vindo a assistir em alguns países, como Estados Unidos da América e Hungria, demonstram bem que os progressistas não podem descansar. As recentes eleições em Itália, com o reforço da votação em partidos fascistas, devem-nos preocupar e fazer refletir como podemos nos proteger contra quem quer limitar os direitos das mulheres, dos migrantes, das pessoas racializadas e LGBT.

Esta guerra cultural que a extrema-direita tenta criar artificialmente, tanto na América como na Europa, para limitar os direitos humanos, tem ganhado terreno e só pode ser travada com avanços no estado social. Os governos têm de reforçar as políticas de diminuição das desigualdades, para que ninguém seja excluído do desenvolvimento e crescimento económico. O discurso de ódio tem mais adesão na miséria e desespero e cabe aos democratas resolver eficazmente os problemas das populações.

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