Mais cultura. Melhores pessoas
Gosto de viajar. Li, algures, que viajar é a única coisa que compramos e nos deixa mais ricos.
Visitar a Austrália sempre foi um dos meus objetivos. Um país longínquo, nos antípodas de Portugal. Talvez por isso, exerceu fascínio em mim. Quando tive de fazer uma viagem de negócios à Asia, a oportunidade surgiu para ir uns dias a Sydney.
Visitei o Royal Botanic Garden, fui às famosas Bondi Beach e Manly Beach, ao Australian Museum, um museu de história natural e antropologia, Harbour Bridge, o Museu de Arte Contemporânea, o Hyde Park, mais pequeno que o de Londres, a imponente Art Gallery of New South Wales e fui ao edifício da ópera, um dos grandes ícones do mundo, projetado pelo arquiteto dinamarquês Jørn Utzon.
Mas o que mais me marcou nesta viagem foram as pessoas. Os habitantes de Sydney são dos mais simpáticos que já conheci. Um povo interessante, culto, educado, que acolhe os visitantes de tal forma, que ficamos com vontade de voltar.
Várias vezes eu andava na rua com um mapa na mão e ar meio perdido e muitas pessoas se aproximavam e ofereciam ajuda. Não me recordo de isso me acontecer com frequência, noutros países.
Nos vários museus que visitei, conheci casais com crianças e adolescentes a incentivar os jovens a gostar de arte. E preocupavam-se em me recomendar lugares a visitar.
Outra experiência marcante, vivi-a na Sydney Opera House. Nessa semana, havia concertos do pianista australiano David Helfgott. Uma oportunidade única para conhecer melhor o edifício e ver um espetáculo fabuloso.
Os mais velhos lembrar-se-ão do filme Shine, inspirado na vida atormentada deste músico, com doença mental grave. O filme valeu o Óscar de Melhor Ator a Geoffrey Rush, em 1997, e é inesquecível a cena em que toca o Voo da Abelha, de Rimsky-Korsakov.
Impressionou-me ver avós, pais e netos, espectadores de várias idades e extratos sociais, para apreciar um concerto de piano, numa sala totalmente cheia.
Um povo com um nível cultural acima da média, que incentiva os jovens a interessarem-se por cultura.
No intervalo, a organização do evento surpreendeu a todos, oferecendo uma flute de espumante, numa sala toda envidraçada sobre a Baía de Sydney.
Nunca me tinham feito semelhante surpresa, num espetáculo.
A cultura torna-nos melhores pessoas.
Guimarães tem investido, e bem, no reforço da sua agenda cultural. A cultura entretém, dá prazer, ensina, eleva o nível, atrai turismo e torna-nos pessoas mais interessantes.
Temos museus, monumentos, exposições de arte, concertos de música, teatro, cinema, festivais, gastronomia e artesanato.
Caro leitor, há quanto tempo não visita o Museu Martins Sarmento? Ou vê uma exposição de arte, uma peça de teatro no Palácio Vila Flor, um concerto na Associação Convívio ou faz uma visita ao Paço dos Duques de Bragança ou à Citânia de Briteiros?
E sobretudo, há quanto tempo não convida os jovens da sua família, para o acompanharem e incentivá-los a interessarem-se mais por arte e cultura?
Se o fizermos regularmente, seremos um povo melhor e com mais entusiasmo para oferecer ajuda, recomendar lugares a visitar e espetáculos a ver, aos turistas com quem nos cruzamos.
Contribuiremos para que Guimarães lhes fique na memória e no coração.
A marca Guimarães somos todos nós.
Nota: artigo de opinião originalmente publicado na edição #03 do Jornal de Guimarães, a 18 de junho de 2021