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Mãos ao colmo, com obra de Eurípides

Gonçalo Cruz
Opinião \ quinta-feira, outubro 10, 2024
© Direitos reservados
Seria altamente improvável que, no século quinto antes da nossa Era, os habitantes da Citânia alguma vez tenham ouvido falar de Eurípides, pese embora o dramaturgo tenha sido contemporâneo deles.

Mantendo um carácter experimental no seu programa, o evento Citânia Viva, que se realizará no próximo dia 26 de outubro, irá incluir, pela manhã, o trabalho de reposição da cobertura de colmo de uma das reconstruções circulares, feitas por Martins Sarmento no alto da Citânia de Briteiros. Utilizando centeio (ainda) cultivado no Concelho de Guimarães, os trabalhos de colocação de colmo serão abertos ao público, através de uma pequena visita acompanhada, em que toda a gente poderá "pôr as mãos na palha" e entender os pormenores e as dificuldades de tamanha empreitada.

Não se descura, no entanto, a vertente dramática do evento. Seria altamente improvável que, no século quinto antes da nossa Era, os habitantes da Citânia alguma vez tenham ouvido falar de Eurípides, pese embora o dramaturgo tenha sido contemporâneo deles, lá longe, na Hélade. Contudo, a hipótese já não será tão improvável em relação aos seus descendentes romanizados que porventura podem ter descido a Bracara e assistido a alguma produção dos autores clássicos no então monumental teatro bracaraugustano, cuja estrutura começámos a conhecer nos últimos anos.

Reposição do colmo em casa reconstruída na Citânia de Briteiros

Será, portanto, a fase romana da Citânia que se pretende evocar com a tragédia "As Bacantes", de Eurípides, que a companhia Noite Bohemia, da nossa vizinha Galiza, irá representar no Museu da Cultura Castreja, no mesmo dia, à noite.

A Citânia Viva continua a realizar-se anualmente, organizada pela Casa do Povo de Briteiros, com o apoio da Sociedade Martins Sarmento e da Junta de Freguesia e patrocinada pelo Município de Guimarães. Conta também com a fundamental colaboração de várias coletividades locais, entre as quais o grupo de teatro Citânia e a Fraternidade Nun’Álvares, cujos voluntários se têm vindo a especializar na colocação do colmo. Pretende-se também manter uma componente didática em relação à defesa do nosso rico património arqueológico.

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