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Não esqueçamos os Direitos Humanos

Rui Antunes
Opinião \ terça-feira, novembro 22, 2022
© Direitos reservados
É preciso continuar a luta pelos direitos dos estudantes e trabalhadores, sem discriminação em função da nacionalidade, género, raça ou orientação sexual.

Estes tempos parecem sombrios. Nos últimos dias, vários episódios colocam os direitos humanos num plano secundário, como se a vida em sociedade não fosse construída com base no respeito e dignidade. Por isso, é preciso continuar a luta pelos direitos dos estudantes e trabalhadores, sem discriminação em função da nacionalidade, género, raça ou orientação sexual.

1. O mundial de futebol que está a acontecer no Catar é uma vergonha e os vários episódios que têm vindo a ser noticiados, desde 2010, são bem reveladores. Desde logo, a escolha do Catar para a organização foi surpreendente e só foi conseguida através do pagamento de luvas avultadas. Vários detidos para interrogatório, pessoas afastadas dos cargos, denunciantes perseguidas, são as manchas de uma escolha errada. A construção dos estádios foi sustentada por mão de obra escrava e milhares terão morrido de exaustão. A Human Rights Watch pede à FIFA cerca de 400 milhões de euros para indemnizar as famílias das vítimas. Se pensarmos que a construção custou mais de 200 mil milhões de euros, parece ridículo que quem mais sofreu não possa ser compensado. Agora, durante o evento, a FIFA não deixa a Bélgica ter ‘amor’ na camisola e os gays não se podem beijar porque arriscam prisão. Tudo isto deveria fazer corar qualquer governante de um país democrático. Ao contrário do que acha o Presidente Marcelo, não podemos mesmo esquecer os direitos humanos.

2. A luta pelo planeta é também a luta pelo direito à vida. Os estudantes têm mostrado que é hora de mudar o sistema e não o planeta, através de manifestações pacíficas em várias escolas e universidades. Querem o fim dos combustíveis fósseis, investimento na ferrovia, entre outras reivindicações. O empenho destes jovens em exigir a mudança de políticas com vista à neutralidade carbónica deve encher-nos de orgulho. Infelizmente, nem todos os atores políticos têm esta visão. A Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa reprime o direito de manifestação, manda prender e levar a julgamento. Sabemos que os jovens não se calarão. Esperemos que os trabalhadores se juntem a esta luta e seja convocada uma greve geral em nome do direito a ter futuro.

3. O direito à paz e à segurança é um direito inalienável. A revelação do Consórcio de Jornalistas sobre o discurso de ódios de alguns polícias é preocupante e espera-se que haja consequências disciplinares e judiciais de tais comportamentos. Racismo é crime e quando ocorre no seio das polícias é ainda mais grave. Em democracia, quem tem armas em nome do povo para o proteger, não pode utilizar a farda para intimidar, ameaçar e violentar pessoas em função da sua condição social. O monopólio da violência atribuído às polícias é uma questão sensível e séria, pelo que os testes que despistem radicalização e pensamentos discriminatórios nos agentes devem ser rigorosos e constantes. A polícia tem de ser sinónimo de segurança para toda a gente, independentemente da cor da pele ou do local de nascimento.

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