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O futebol negócio já goleou o futebol paixão

Carlos Rui Abreu
Opinião \ sábado, fevereiro 18, 2023
© Direitos reservados
O futebol negócio não tem deixado grande margem ao futebol paixão e é só com essa consciencialização que os adeptos têm de encarar o futuro. O dinheiro é, no fundo, quem mais ordena.

Longe vai o tempo em que um jogador era confundido com um clube. Os tempos do ‘João Pinto do Porto’, do ‘Toni do Benfica’ ou do ‘Manuel Fernandes do Sporting’ já não voltam e os adeptos têm que ter consciência disso. No desporto, as juras de amor eterno são apenas e só dos adeptos. O resto é pura ilusão.

O futebol negócio que vinha, há muitos anos, a ganhar espaço ao amor clubista já o absorveu em definitivo e, reparem, que já nem há clubes a competir nos dois principais campeonatos em Portugal, há empresas. Até na Liga 3, no campeonato de Portugal e nos distritais, vão proliferando empresas em vez dos tradicionais clubes. É neste ponto que os adeptos se devem concentrar e mudar as mentalidades.

O caso de Enzo Fernandez é sintomático dos novos tempos. O argentino quando chegou a Portugal não teve pejo em afirmar que vinha para o Benfica para depois ingressar num grande clube europeu. Uma primeira facada na autoestima dos adeptos. Chegou, encantou e criou a ilusão nos adeptos que seria uma ligação duradoura, que estava apaixonado pelo clube e o que mais queria era conquistar troféus de águia ao peito. Assim seria se não tivesse surgido uma proposta mais vantajosa. A partir desse momento já não interessava mais o Benfica, as vitórias, os títulos. Só interessava a conta bancária e o tal salto para um grande europeu.

Isso causou a insatisfação na massa adepta que ainda não percebeu que não deve idolatrar aqueles que, circunstancialmente, vestem a camisola do clube mas que, à primeira oportunidade, ‘vendem a alma ao diabo’. Até o atual presidente Rui Costa, com um benfiquismo de que ninguém ousa duvidar, quando jogava forçou a saída para a Fiorentina e pediu para que os dirigentes da altura “não lhe cortassem as pernas”.

O papel dos adeptos é cada vez mais o de ‘viver o momento’ e apoiar as cores que defendem sem olhar para as caras de quem veste as camisolas. Porque se criarem uma ligação forte com os jogadores correm, atualmente, o sério risco ter de os riscar dos posters de parede.

O futebol negócio não tem deixado grande margem ao futebol paixão e é só com essa consciencialização que os adeptos têm de encarar o futuro. O dinheiro é, no fundo, quem mais ordena.

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