O futuro do consumo: uma nova visão
A 26.ª edição da Cimeira do Clima teve lugar este mês em Glasgow, onde políticos, cientistas e especialistas mundiais, discutem medidas para conter o aquecimento global e proteger o nosso planeta.
A primeira edição teve lugar em 1995, em Berlim. Nos últimos 25 anos, a sustentabilidade passou a ser debatida e, gradualmente, assumiu importância estratégica para as empresas. Consequentemente, todas têm implementado políticas de responsabilidade social e ambiental.
Sabemos que o impacto no planeta é causado pela atividade das empresas e pelo comportamento
das pessoas. Assim, o caminho para conseguir os objetivos desejados passa por encontrar formas de desenvolvimento mais sustentável das economias dos países e de consumo mais responsável por parte das pessoas.
Já se conseguiram avanços notáveis, em diversos setores. Partilho alguns exemplos inspiradores. Na indústria da beleza, L’Oréal assume a liderança, quanto a sustentabilidade. No website do grupo pode ler-se que investe fortemente em inovação para reduzir a pegada ambiental dos produtos, e comparando com dados de 2005, já reduziu emissões das fábricas em 73% e em 60% os consumos de água, por produto acabado. Conseguiu também avanços superiores a 50% na redução de lixo e eficiência energética.
Na indústria da moda, o Fashion Pact é um projeto que agrega mais de 250 marcas mundiais, que assumiram o compromisso de trabalhar para recuperar a biodiversidade, proteger os oceanos e travar o aquecimento global.
Além disso, há o fenómeno crescente da compra de moda em segunda mão, que permite reduzir significativamente a produção de roupa nova, as emissões de carbono e os consumos de água e energia. Segundo o Resale Report 2021 da organização Thredup.com, as vendas de moda usada crescem a ritmo
alucinante. Atualmente, tem um volume de vendas de 36 mil milhões de dólares americanos e prevê-se que em 2030 atinja 84 mil milhões de dólares, o dobro da previsão de vendas de roupa nova.
Na hotelaria, os casos mais marcantes chegam, surpreendentemente, da Ásia, onde os resorts estão a conseguir resultados impressionantes. Um dos exemplos emblemáticos é o do resort Soneva Kiri na Tailândia. Durante a sua construção foram preservados corredores de vida selvagem para proteger a fauna e flora locais e foram implementados programas de gestão de resíduos e proibido o plástico de utilização única. A marca Soneva criou um forte programa de sustentabilidade e incentiva os hóspedes a adotar um estilo de vida amigo do ambiente. Com estas medidas, conseguiu ter impacto neutro de carbono no ambiente, desde 2012.
O desconsumo - tendência futura?
No século XXI, surgiu uma nova geração, com uma forma de pensar diferente da dos seus pais e avós. Os novos consumidores são mais exigentes quanto a valores de autenticidade, sustentabilidade, transparência e responsabilidade social. Praticam um consumo consciencioso e menos impulsivo.
Mas há um facto novo e recente que, em minha opinião, configura um verdadeiro momento de viragem. Muitos líderes de opinião começam a debater a importância de se reduzir o consumo e de todos aprendermos a viver com menos. Aparentemente, é esse o caminho para a verdadeira sustentabilidade.
Provavelmente, a tendência do desconsumo ganhará relevância nesta década.