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O nascimento de um jornal

Luísa Alvão
Opinião \ quinta-feira, abril 01, 2021
© Direitos reservados
Quantos mais meios de comunicação, mais pluralidade na informação que, por sua vez, costuma resultar em melhor informação.

É sempre bom assistirmos ao nascimento de jornal – ainda mais, um jornal local de uma cidade da dimensão da nossa.

“O jornalismo está em crise” é uma frase que estaremos já cansados de ouvir – e, em tempos de crise, tendemos a ficar menos sensíveis com o que imaginamos ser os problemas dos “outros”. Não poderíamos estar mais enganados.

A crise do jornalismo é também a crise da democracia e, portanto, de todos nós e da nossa vida em sociedade. Podemos pensar nisto a uma escala global e na relação desta crise com este momento de pós-verdade que vivemos, mas por ora, olhemos para o nosso espaço mais próximo.

O jornalismo local não é só importante na medida em que reforça o nosso sentimento de comunidade e nos aproxima. É vital também para conhecermos melhor o território que ocupamos e as instituições que nele operam.  É vital também para a nossa vida política. Cabe aos jornalistas e aos meios de comunicação mediarem a nossa relação com os nossos representantes e governantes. Cabe-lhes também ajudarem-nos a desempenhar a nossa cidadania de forma informada, fiscalizando o trabalho dos nossos representantes políticos, traduzindo o discurso político, muitas vezes hermético, em linguagem que todos e todas possamos entender. É, também, através dos meios de comunicação, que ficamos a saber quais são propostas eleitorais dos diferentes partidos e que podemos perceber, posteriormente, se foram ou não cumpridas.

Nestes quase 13 meses de luta contra a pandemia provocada pelo novo coronavírus, percebemos melhor do que nunca a importância de termos acesso a informação de qualidade. A Internet, as redes sociais e a falta de responsabilização ou hierarquias dos seus conteúdos, dificultam o acesso a informação credível e validada cientificamente, porque se encontra inundada de ruído.  

Esta nova realidade leva-nos também a focar-nos mais no território em que vivemos. Precisamos mais do que nunca de informações locais, de perceber como a nossa comunidade está a ser impactada e saber ferramentas dispomos para melhor nos protegermos e nos ajudarmos mutuamente.

Resta-me saudar a coragem de quem não desiste perante a adversidade e que se lança à aventura de criar um novo projeto. E, até porque estamos em ano de eleições, o Jornal de Guimarães chega em boa hora. Quantos mais meios de comunicação, mais pluralidade na informação que, por sua vez, costuma resultar em melhor informação.

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