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Reentré

Luísa Alvão
Opinião \ terça-feira, agosto 31, 2021
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Seria de bom tom que, logo de início, cada candidatura declarasse ao que vinha - que explicasse a sua visão para o nosso concelho, para o que temos agora e para o que queremos ter no futuro.

Setembro sempre foi um dos meus meses preferidos. Em idade de férias grandes, era sinal do fim das férias intermináveis e a volta à escola. Era a correria de comprar livros que eram quase sempre lidos na totalidade antes da escola começar. O início do ano vinha sempre com promessas de ser mais dedicada, de fazer sempre os trabalhos de casa e de manter sempre os cadernos em dia. Das três promessas, duas nunca consegui cumprir, mas todos os anos, em Setembro, achava sempre que seria esse ano da mudança.

Este ano, ainda por cima, a reentré coincide com Eleições Autárquicas. A propósito das eleições, gostaria de vos perguntar uma coisa que me assombra, desde o dia que formulei esta questão numa das varandas com a melhor vista de Guimarães: quando escolhemos votar num determinado partido político e, portanto, num programa eleitoral, o leitor/a leitora fá-lo escolhendo o programa que melhor defende/apoia as suas condições de vida ou – segunda opção – escolhe um programa eleitoral que defenda ou que seja o mais similar possível à sua ideia de comunidade?

Talvez “ideia de comunidade” não seja a melhor expressão. Passo a explicar: todos nós vivemos em comunidade e, portanto, todos nós pensamos sobre a comunidade em que vivemos e temos uma ideia de como ela deveria funcionar. Enquanto formulo esta ideia, faço uma busca rápida num motor de busca à procura dos programas eleitorais. Não tenho ideia de ver nenhum programa eleitoral que transmita qual é a “ideia de comunidade” que defende e, portanto, fui procurar. Não encontrei. Pensei que outro exercício giro, seria ler agora os programas eleitorais de 2017, para quando conseguisse encontrar os programas deste ano, perceber mudanças (em termos de ideias para a cidade) sofreram este programas. Encontrei dois.

Constatei o seguinte: é muito divertido ver textos que enaltecem a qualidade do concelho e dos/das vimaranenses, cheios de chavões como diferenciador, inovador, equidade, inclusão, que em si mesmo, representam valores importantes para a nossa vida em comunidade, mas dispostos como bibelots para embelezar um texto, não querem dizer nada. Depois de um texto genérico, segue-se uma lista de ideias – não me parece um programa eleitoral, mas uma lista de promessas eleitorais.

Parece-me que seria de bom tom que, logo de início, cada candidatura declarasse ao que vinha - que explicasse a sua visão para o nosso concelho, para o que temos agora e para o que queremos ter no futuro. Só com uma ideia clara da comunidade que queremos ter, é que é possível envolver munícipes que se revejam nessa mesma ideia e tornar, assim, essa construção coletiva – tal como a política deveria ser.

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