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O poder…

Filipe Fontes
Opinião \ terça-feira, julho 22, 2025
© Direitos reservados
Não há bom poder sem bom exercício. E sem (boa) cumplicidade entre todos: quem “manda”, quem se opõe, quem vigia, quem vive, quem elege.

Inexoravelmente, o estio tomou conta do momento! Quente por natureza, num tempo de canícula mais exagerado de que há memória, emerge uma temperatura ainda mais robustecida devido ao contexto litigante e beligerante que o mundo encerra, de desacerto funcional e errância política a nível nacional, de contexto eleitoral e de renovação do “poder autárquico” que os municípios e as freguesias deste país enfrentam e enfrentarão até ao início do período outonal.

É um momento ora de continuidade, ora de mudança. Seguramente, é momento de expectativa, de apreensão para uns, de esperança para muitos. É, por certo, um momento que trata de poder, versa sobre poder e confere poder a um conjunto de pessoas para, legitimamente, cuidarem da vida, do tempo e do espaço de todos nós, da comunidade!

Poder é verbo de duas faces e possibilidades. É capacidade e autoridade, é exemplo e domínio, é força e conselho, é ordem e recursos. Dir-se-á bom e perigoso dependendo da forma como o entendemos, dependendo do modo como o usamos e rentabilizamos. Por isso, depende tanto (ou totalmente) do meio e do fim, do recurso que utilizo, do objectivo que ambiciono, da forma como chego, do resultado que almejo!

Poder por poder é tão inócuo como perigoso, já que se revela inconsequente e inútil, dir-se-á, perda de tempo e de riqueza, passível de ser deturpado e enviesadamente usado.

Poder para exibir é mera demonstração de fraqueza e, dir-se-á, de pobreza, que se torna arriscado. Porque ameaça o tempo e exibe tergiversação e tudo subjugar ao brilho artificial desse poder.

Poder para fazer é bom e foca-se na essência: poder fazer, transformar, capacitar. E tal é virtude e qualidade, tal é positivo e benéfico. “Ter a possibilidade” de erguer, corrigir, alterar, aproximar tudo e todos do Bem é algo incomparável e singular que deveria enobrecer quem o detém, que deveria gerar enobrecimento a quem dele usufrui!

À escala local, simplificadamente, as eleições tratam do poder, do exercício do poder, de quem se habilitará a exercer esse poder, de quem honrará fiscalizar e vigiar esse exercício de poder. E do poder sobre a vida comunitária, sobre o seu quotidiano e a múltiplas formas e matizes de o transformar e melhorar, de o afirmar como propulsor de uma vida melhor!

Acredita-se na bondade de quem se candidata. E na intrínseca e genuína vontade de exercer bem o poder. Acredito em tal, independentemente de ideologia ou partido, programa ou movimento. Confesso ainda acreditar que a convicção faz parte de cada um de nós!

Mas, tal não significa acriticidade e, sobretudo, liberdade sem vigilância, fiscalização ou confronto, como correntemente se diz “sem prestação de contas”. Pelo contrário! Talvez por essa convicção, a vigília e o cuidado devem ser maiores e melhores, não por desconfiança, mas por prudência e importância: nunca deixar resvalar o que mais nos importa e impacta!

Assim, neste tempo eleitoral, é fundamental que todos usem e recorram ao poder de cada um. A quem se candidata, pede-se (e exige-se!) que diga “ao que vem”, que exponha as suas ideias, interesses e ambições para a cidade. A quem escolhe, pede-se (e exige-se!) que se interesse e formule ambição. E que consuma tempo (no bom sentido do termo) a ler, analisar e reflectir sobre o que se anuncia e deseja “fazer na e para a cidade”. A todos, pede-se (e exige-se!) que entendam o poder como algo sério e ético, um bem comum que deve ser acarinhado e cuidado… porque a todos diz respeito!

Quem termina o exercício do poder merece o reconhecimento do esforço, mas é devida a avaliação do resultado. Quem se candidata merece o reconhecimento da disponibilidade, mas sujeita-se à análise crítica. Quem elege e vota merece a verdade e a sinceridade, mas obriga-se à partilha e à participação.

Não há bom poder sem bom exercício. E sem (boa) cumplicidade entre todos: quem “manda”, quem se opõe, quem vigia, quem vive, quem elege… porque só assim é que o poder tenderá para o seu propósito maior: servir!

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