O que nos contam as sepulturas
No passado dia 20 de Abril teve lugar uma visita pública ao "Túmulo dos Quatro Irmãos", em São Martinho de Sande, com observação dos diferentes elementos de sepultura que se conservam no local. A iconografia representada nas tampas de sepultura e nas estelas funerárias atrai, ainda hoje, a atenção porque, juntamente com as inscrições funerárias, transmitem informações sobre os sepultados e sobre o período histórico em que viveram.
Assumindo, ao longo do tempo, diferentes morfologias, materiais e decorações, muitos elementos de sepultura chegaram até aos nossos dias, incluindo estelas de cabeceira, tampas, sarcófagos ou urnas. Precisamente, o Museu Martins Sarmento guarda algumas dezenas de peças, recolhidas por toda a região, que testemunham essa evolução desde a época romana até aos séculos mais recentes.
Pormenor da tampa sepulcral de Gregório Gomes (1570), no Museu Martins Sarmento
É o caso da estela funerária proveniente de Vila Fria, Felgueiras, do período romano, em que se lê ter sido o monumento erigido a uma defunta pela sua neta, sendo ambas representadas em relevo nas faces do cipo. É também o caso de uma tampa de sepultura de Marco de Canaveses, onde se vê esculpida uma panóplia de ferramentas – bigorna, martelos, torquês, tenaz... – que indicia tratar-se da sepultura de um ferreiro. Temos também a tampa do sepulcro de Gregório Gomes, falecido em Braga, em 1570, "em tempo de peste".
Além dos vários costumes funerários, da identificação dos defuntos ou da sua profissão, também a causa de morte pode ser mencionada, particularmente no caso dos surtos de uma determinada doença que causasse mortalidade fora do comum.
Este tema será o mote para o encontro que terá lugar no próximo dia 18 de Maio, Dia Internacional dos Museus, à noite, no Museu Martins Sarmento. Aqui, André Silva irá abordar a questão da Peste Negra no Entre-Douro-e-Minho, tema do seu trabalho de doutoramento em 2021. Pelo meio, daremos a conhecer várias peças da coleção do Museu, os pormenores que as diferenciam e a questão da mortalidade provocada pelas epidemias.