Uma reflexão após as férias
As férias são sempre uma ocasião desejada por todos (ou quase todos). Além de proporcionarem um convívio familiar e social importante, servem para descansar, “recarregar baterias”, enfim fruir. Por isso existe muitas vezes a vontade de procurar locais exóticos, praias paradisíacas, locais que sempre tivemos a vontade de conhecer, por vezes algo isolados e distantes dos grandes centros urbanos. Quanto mais não seja para procurar sair da rotina quotidiana ou mesmo fugir da barafunda que nos consome todos os dias.
E por isso, sem pensar muito, optamos por vezes por locais recônditos seduzidos pela sua beleza e/ou tranquilidade, que nos proporcionam a paz de espírito de que julgamos necessitar após um ano de trabalho. O que raramente acontece é informarmo-nos das condições assistenciais de saúde da área para onde optamos por passar as nossas férias. E isto revela-se como muito importante por várias razões. Em primeiro lugar porque ninguém está livre de adoecer durante o seu período de férias e necessitar de assistência de cuidados de saúde mais ou menos diferenciada.
Em segundo, para além da doença, porque não é de todo infrequente haver acidentes durante o período de férias, não só porque alguns aproveitam para fazer algum desporto mais ou menos radical, mas também porque os acidentes de qualquer espécie ocorrem nas situações mais banais e mais imprevisíveis. Ora perante situações destas é de todo conveniente haver uma retaguarda assistencial capaz, pronta, em suma eficaz. E afinal o que acontece? Gostaria de dizer que talvez por deformação profissional, mas também dentro de uma perspetiva essencialmente pragmática e cautelosa, recomendo que antes de fazerem a opção de férias as pessoas se informem sobre as condições de assistência do local para onde vão, mas mais do que isso das condições regionais e mesmo do país para onde seguem, se for o caso.
Porque não é a mesma coisa passar férias na Europa continental, em África ou em belíssimas praias localizadas em ilhas isoladas. Tenho observado regularmente as condições de assistência de múltiplos locais de férias e elas são na maior parte das vezes arrepiantemente rudimentares. Que permitem pouco mais do que limpar e desinfetar uma ferida. O que nos faz pensar sobre que condições haverá se houver um acidente um pouco mais complicado. E regionalmente haverá serviços de urgência a funcionar? E que condições terão estes? E se se tratar de uma pequena ilha, como serão as condições de evacuação?
É que poucos pensarão nestas questões, mas ninguém está livre de ter uma doença súbita, mais ou menos grave, por vezes a implicar uma cirurgia de urgência, e se não houver cuidados assistenciais capazes a vida pode correr perigo. E claro que não nos devemos esquecer que quanto mais avançada a idade mais provável é de acontecer algo que obrigue a recorrer aos cuidados de saúde. E por isso mais importante se tornam estas precauções.
Em suma, as férias são desejáveis para o bom equilíbrio físico e psíquico de todos nós, mas não devem ser programadas sem um mínimo de cuidados prévios. Os postos médicos da maior parte dos hotéis e resorts são maioritariamente exíguos e incapazes, não há profissionais de saúde em permanência para qualquer emergência e regionalmente as infraestruturas de apoio não raramente deixam muito a desejar, podendo no limite acarretar graves consequências para que adoece. Por isso, devemos em nome da segurança e da nossa saúde, ser previdentes, cautelosos e seletivos quanto aos locais a escolher que passarmos as nossas merecidas férias.