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Uma má solução é mais um problema

Rui Antunes
Opinião \ segunda-feira, abril 10, 2023
© Direitos reservados
A via dedicada ao Avepark não servirá os interesses das populações. É um projeto que condena o território a graves consequências ambientais.

O acesso ao Parque de Ciência e Tecnologia do Avepark tem sido tema de várias discussões ao longo dos últimos anos. Domingos Bragança parece empenhado na solução da via dedicada, com todos os custos que isso acarreta para os cofres públicos, para a população e para o ambiente. A sociedade tem se manifestado contra esta solução. Por isso, importa perceber porque esta má solução será mais um problema para o concelho.

A via dedicada era apresentada como a forma de se conseguir obter financiamento público. Entretanto, os fundos disponíveis não serão suficientes, mas a ideia mantém-se. Na verdade, a Câmara Municipal de Guimarães nunca quis que a conversa sobre este tema fosse séria, uma vez que não chegou a ponderar a hipótese de criar outra ligação à autoestrada A11 na zona de Brito. Esta sim, poderia encurtar o tempo de ligação ao Avepark e, principalmente, serviria todas as freguesias a norte do Concelho.

Apesar de ser difícil enquadrar este projeto nos objetivos de desenvolvimento sustentável, em nenhum momento, foram apresentados números. Afinal, quantas pessoas fazem a ligação aeroporto-Avepark por semana? O tempo de ligação foi calculado apenas por transporte rodoviário ou incluiu a ferrovia e os traçados de alta velocidade em planeamento? Apesar de não haver respostas para estas questões, Domingos Bragança parece pessoalmente empenhado em mais cimento e alcatrão.

Em termos orçamentais, um projeto inicial de 18,5 milhões já vai em 40 milhões e sabe-se lá quanto mais vai derrapar até ao fim da obra. Muitos milhões a serem desbaratados sem que ninguém os tenha justificado devidamente. Quando o objetivo deveria ser investir no transporte público coletivo, para retirar carros das estradas, reduzir engarrafamentos e encurtar as viagens para toda a gente, Domingos Bragança vai em sentido contrário.

A questão da sustentabilidade ambiental é ainda mais importante. O traçado proposto vai ocupar uma quantidade significativa de solos da Reserva Agrícola Nacional e da Reserva Ecológica Nacional, o que contraria a ideia de preservação ambiental do ecossistema. A Avaliação de Impacto Ambiental deveria ser pública para que toda a gente perceba do verdadeiro impacto desta obra.

Relativamente às questões sociais e económicas. Uma vez que vai dividir freguesias e terrenos ao meio, dificultará a vida às pessoas. Os agricultores são quase convidados a desistir da atividade agrícola, numa altura que a soberania alimentar é tão necessária para enfrentar as crises internacionais.

A via dedicada ao Avepark não servirá os interesses das populações. É um projeto que condena o território a graves consequências ambientais. O território deve ser desenvolvido com planeamento, sem soluções exclusivas para problemas muito específicos. A mobilidade do concelho deve ser pensada tendo em conta as necessidades de toda a população e enquadradas nos objetivos de aumentar a oferta de transporte público ecológico.

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