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Pela Paz e Democracia

Rui Antunes
Opinião \ terça-feira, março 15, 2022
© Direitos reservados
A grande fonte de financiamento russa é a energia que os europeus continuam a comprar. É urgente acabar com estes negócios.O aquecimento das nossas casas não pode valer mais do que as vidas ucranianas

A Ucrânia enfrenta uma crise humanitária sem precedentes. O ímpeto imperialista de Putin está a condenar milhões de pessoas à miséria e a destruir um país. A força, coragem e resistência ucraniana mostram a importância da luta pelos valores da democracia e da liberdade. Quem fica é confrontado com a violência de uma luta sangrenta. As crianças, mulheres e idosos partem sem saber se voltarão para a sua casa.

A invasão de um país soberano é inaceitável e tem de acabar imediatamente. A agressão russa deve ser condenada e é por isso lamentável que o PCP tente encontrar razões para esta grave violação dos direitos humanos e do direito internacional por parte da Rússia. A política belicista dos EUA ou da NATO deve ser criticada, sim, mas em nenhum momento se pode desculpar o agressor.

A solidariedade que assistimos é comovente. A opinião pública foi unânime na defesa dos ucranianos, o que levou a ações rápidas. Vários países aplicaram sanções e empresas suspenderam a atividade na Rússia. Assistimos também uma decisão inesperada. A UE censurou os jornais russos. Este trato infantil dos cidadãos, como se não fossem capazes de pensar e compreender, choca por serem precisamente os mesmos meios utilizados por Putin e outros ditadores.

As sanções têm um efeito limitado e é curioso ouvir a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmar que "os grandes empresários russos deixam assim de continuar a esconder o seu dinheiro em portos seguros na Europa". Sabia-se que o dinheiro do povo russo estava a ser desviado para países europeus, mas a elite deixou-se comprar por esse dinheiro sujo. Vários ex-chefes de governo foram ganhar milhões para empresas russas: Matteo Renzi (Itália), François Fillon (França), Gerhard Schröder (Alemanha), Christian Kern, Wolfgang Schüssel (Áustria) e Esko Aho (Finlândia). Por cá, nada se sabe sobre os vergonhosos vistos gold nem se conhece investigações a Marco Galinha, que mantém negócios com oligarcas russos.

Apesar da aparente vontade de limitar a ação da Rússia, a Europa continua a financiar esta guerra. A grande fonte de financiamento russa é a energia que os países europeus continuam a comprar. É urgente acabar com estes negócios. Esta decisão teria efeitos dramáticos na vida das pessoas dos países cuja dependência é mais significativa, mas é mais do que necessária. O aquecimento das nossas casas não pode valer mais do que as vidas do povo ucraniano.

O fim da agressão deve ser acompanhado de uma mudança social e política na Rússia, que permita ao povo russo viver em democracia e melhorar a qualidade das suas vidas. É uma luta dura, como se vê pelas milhares de detenções em protestos contra a guerra. Mas é uma resistência que está a crescer. Na televisão russa, a jornalista Marina Ovsyannikova interrompe a emissão em direto do Canal 1 e exibe um cartaz com a mensagem: “Não à guerra. Não acredite na propaganda. Está a ser enganado”. Como já sabia o que lhe iria acontecer, deixou um vídeo a afirmar a “vergonha de trabalhar para a propaganda do Kremlin” e apelar a protestos.

Pela Paz e Democracia: Glória à Ucrânia!

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