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Penha numa ligação harmoniosa… por cabo

Alfredo Oliveira
Opinião \ quinta-feira, julho 13, 2023
© Direitos reservados
A gentrificação que se vai notando encosta acima na base da montanha a todos deve preocupar, sob pena de se perder um espaço de referência para aquilo a que se chamou de “bairro social para ricos”.

Outrora serra de Santa Catarina, o conjunto de grandes blocos rochosos que compõe a Montanha da Penha foi pintado de verde pela influência do homem, tornando o ponto mais alto de Guimarães num atrativo turístico que tem arrastado multidões. Estância turística há 100 anos, tem as dores de crescimento naturais de um espaço privilegiado como é a Penha. Com três entidades a zelar pela conservação e dinamização da Penha – Irmandade de Nossa Senhora do Carmo da Penha, Turipenha e Câmara Municipal de Guimarães – o sobe e desce do teleférico (o primeiro do país) faz-se com o confronto de ideologias entre a defesa do espaço natural e a potencialização de serviços e equipamentos, como é o caso do hotel, do parque de campismo e do próprio teleférico.

Uma harmonia que potenciasse sinergias para que todos ajudassem a puxar o cabo para o mesmo lado é o que se deseja para acrescentar valor a um território que constitui “um dos principais atrativos turísticos do concelho de Guimarães”, tal como dá conta o vereador Paulo Lopes Silva ao Jornal de Guimarães. O juiz da Irmandade acha que o “enredar de questões técnicas” tem sido um entrave ao desenvolvimento da estância turística, que no seu entender “podia estar muito melhor”. Algures a meio da subida estará a luz que, porventura, faltará para que se cumpra aquilo que preconiza a presidente da Turipenha, Sofia Ferreira: “Todos temos a responsabilidade de acarinhar, preservar e ajudar a desenvolver a Penha”.

Ainda que não estando no cerne do trabalho que apresentamos sobre a Penha, a gentrificação que se vai notando encosta acima na base da montanha a todos deve preocupar, sob pena de se perder um espaço de referência para aquilo a que o arquiteto André Cerejeira Fontes chamou de “bairro social para ricos”.

Para terminar, a descentralização da gestão de alguns espaços culturais tem feito do Castelo de Guimarães (e do Paço dos Duques) um castelo sem rei. Num dos governos que mais defende a descentralização e a autonomia local, não deixa de ser estranho que a tutela de monumentos como os referidos passem para Lisboa, graças à reorganização da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC).

Boas leituras!

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