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Portugal & Cabo Verde & 50 anos de Abril

Carlos Caneja Amorim
Opinião \ sexta-feira, janeiro 24, 2025
© Direitos reservados
A opinião de Carlos Caneja Amorim (advogado) e de Oscar Rodrigues (Vereador da economia, emprego e desporto do Município da Praia, capital de Cabo Verde.

No pretérito ano, celebramos o jubileu dos 50 anos do 25 de abril de 1974: a AGIGANTAR_ABRIL, entre plurais vozes da sociedade civil, rompeu silêncios cúmplices e, pensando alto e falando claro, ilustrou o entusiasmo do antes e a agonia do depois. Em Abril de 74 toda uma nação aderiu e emergiu num sonho coletivo: construção, na concretude da precisão, em incremental cadência ascendente, após o dia singular da disrupção big-bang da Revolução dos Cravos, de uma Substantiva Democracia Social germinada numa República de Direito. Esta, como imperativo categórico constituinte, fundada na Pluridimensional Dignidade da Pessoa Humana. Todo um povo irmanado, sem reservas e sem agendas particulares, num só propósito: integrar a modernidade exemplificada pelos países nórdicos; documentavam estes a possibilidade da dita impossibilidade: na comunidade nacional, tem de ser possível ninguém ficar sozinho face ao seu infortúnio. Todos do mesmo lado da dignidade, em lógica solidária, com corrente alternada, isto é, quem hoje recebe ajuda deve devolver quando ultrapassado o obstáculo. Receber implica respeitar quem deu, logo, tudo deve ser feito para estar desse lado no futuro. Em tudo, deve haver ética Republicana. Em Portugal, o ideário de Abril está por cumprir. Começou-se bem, com força e firme propósito, mas os de sempre e como sempre, regressaram e associaram-se aos chegados e ditos novos. Gastaram rápido a bateria revolucionária: foi uma febre que lhes deu. O estado natural e verdadeiro é pensar e priorizar o património privado de cada um e não o da comunidade nacional. Os pobres, idosos, crianças, doentes, mulheres, famílias em dor e sofrimento, e as suas necessidades mais elementares rapidamente perderam relevância, deixando de ser prioridade absoluta.

Pelo Atlântico, Abril semeou sonhos de futuro, sonhos de liberdade Inteira, sonhos de independência substantiva, sonhos de abraços e sorrisos em chão-Nação, em terra de fogo sagrado, onde todos já podiam dizer bom dia em pátria sua, só sua e de mais ninguém.

Neste 2025, quatro antigas colónias portuguesas em África - Angola, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe - celebram 50 anos de independência, integrando a Guiné-Bissau, que proclamou unilateralmente a sua independência dois anos antes. Muitas foram as dinâmicas geopolíticas, não olvidando a Guerra Fria e cisão sino-soviética. Em Cabo Verde, à laia de exemplo, a República Nação visava acelerar o tempo e fazer acontecer. Todo um passado de dor e sofrimento impunham um sentido de urgência à prova de bala e um compromisso nacional abrangente, impulsionando todos, sem hesitação, a darem o melhor de si, de mãos dadas, por Cabo Verde. Aqui chegados, importa dizer, de forma frontal: os nossos irmãos Cabo-Verdianos mereciam mais e melhor. A modernidade já devia ter chegado. Em boa e justa verdade, irrompeu uma nova esperança, matemática esta, pois, quer ser real e concreta e não demagógica e populista. Desta já temos que chegue. Agora é tempo de saborear algo bem diferente e bem palpável. Humilde discípulo do sonho de Grandeza dos Históricos-Pais-Fundadores-da-Pátria, o presidente da Câmara da Praia e candidato à liderança do PAICV, Dr. Francisco Carvalho, tem uma ideia de Cabo Verde e estudou bem a lição, não fosse ele um excelente professor universitário. A República de Cabo Verde não pode esperar mais: Modernidade e Democracia Social de Verdade serão predicados maiores do nosso futuro coletivo. Sim, é possível. Sim, será possível. Já temos saudades do futuro. Abril é um sonho que tem de ser realizado em Portugal e Cabo Verde: esses ideais são inegociáveis e tem de ser cumpridos, mais cedo que tarde.

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