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Relembrar o "Pedralva"

Gonçalo Cruz
Opinião \ quarta-feira, março 27, 2024
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"Homem de pedra" lhe chamavam em Pedralva, no Concelho de Braga, de onde provém. Ficou conhecido como "o Colosso", devido às particulares proporções do volume granítico.

 Parcialmente escondido pelo arvoredo da Alameda Mariano Felgueiras – que, sendo certo que o oculta, também lhe vai atenuando os efeitos da poluição atmosférica da grande rotunda – a sorumbática figura do "Colosso de Pedralva" vai contando os dias. "Homem de pedra" lhe chamavam em Pedralva, no Concelho de Braga, de onde provém. Ficou conhecido como "o Colosso", devido às particulares proporções do volume granítico, ou mesmo "o Pedralva", identidade que lhe foi atribuída nos cartoons de Salgado Almeida, nos quais dialogava com "o Afonso" sobre a política vimaranense. Curiosa e feliz alegoria do cartunista à sociedade vimaranense, assim feita de "afonsos" e "pedralvas".

Ainda no século XIX, depois de um breve momento de entusiasmo, Sarmento deixou de considerar a possibilidade de trazer a peça para Briteiros, não deixando de adquirir o terreno onde primeiramente viu os seus fragmentos abandonados. Foi de facto Mário Cardozo que, persuadido da sua antiguidade, promoveu o seu transporte para o jardim da SMS, em 1929. O determinante estudo de António de Azevedo, na década de 1940, concluindo, acertadamente, tratar-se de uma escultura inacabada – o que justifica as suas dimensões, pelo que a peça final seria mais pequena – provavelmente talhada em época muito mais recente do que se pensava, veio retirar-lhe valor arqueológico. Não lhe retirou, contudo, o estatuto de "caso de escultura", que assim se lhe referiu. Verdadeiro case study, diríamos, porque este "homem de pedra" devia integrar o plano de estudos de todos os que se dedicam à História da Arte e às artes plásticas em geral.

Alunos do 6º ano da Escola EB 2,3 D. Afonso Henriques, junto ao Colosso de Pedralva

Foi, precisamente, o conhecimento dos monumentos locais e a reflexão sobre o significado de determinadas estátuas no espaço público, que levou um grupo de alunos do 6° ano da Escola EB 2,3 D. Afonso Henriques, em Creixomil, a visitar, procurar saber mais, desenhar e chamar a atenção para o Colosso que, nascido bracarense, vimaranense se fez, como todos os "pedralvas". Insere-se a iniciativa "Patrimónios de proximidade e cidadania cultural", no âmbito do Projeto Cultural de Escola "Transformar a Escola num polo cultural - os patrimónios de Guimarães", coordenado pelo professor Sérgio Silva. Esta atividade levou mesmo Salgado Almeida a fazer reviver o “Pedralva” do cartoon.

E foi destes alunos, visivelmente entusiasmados com esta escultura, que partiu o apelo para que se coloque junto do Colosso, um pequeno painel informativo. O "Pedralva", na mudez que lhe provoca a compleição granítica, agradece que expliquem a quem por ele passa, quem ele é e de onde veio.

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