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Sobre a importância do turismo

Diogo Nuno Mesquita
Opinião \ segunda-feira, agosto 12, 2024
© Direitos reservados
Portugal é demasiado dependente do turismo, e por isso sujeito a um risco agravado, e às consequências dessa posição.

Qualquer destino com condições mínimas (naturais ou até para implantação artificial) para se poder assumir como turístico, faz dessa atividade uma importante fonte de crescimento económico do seu produto. Sempre foi assim, e em princípio continuará a ser esse o rumo de um mundo globalizado, apesar da animosidade de alguns, que em determinadas fases de menor repercussão desse crescimento nas suas vidas (criação de emprego, construção de infraestruturas, produção de bens e serviços e aumento do consumo dos produtos locais), acabam por exprimir alguma antipatia e enfado pelos turistas e visitantes.

O problema dos entusiastas do turismo é que sem essa repercussão (de preferência bem visível para todos), deixa de se autojustificar o saque a que algumas cidades têm sido sujeitas pelo crescimento económico que a atividade promete. É pelo turismo que as cidades se oferecem e vendem o melhor de si, expulsando por isso os seus cidadãos dos centros históricos e urbanos, que se tornam reféns de alojamentos locais e comércio pela dinâmica de negócio que se estabelece. É também extraordinário que num país com tantos problemas ao nível da habitação, a construção continue tão fortemente direcionada aos que vêm de fora (segmento médio-alto) para uma reforma de luxo num país que lhes permite (e incentiva) um nível de vida demasiado confortável comparativamente ao que conseguiriam no seu próprio país ou ao que obviamente conseguem, em Portugal, os portugueses. Um assalto que continua a gerar controvérsia relativamente aos retornos que traz à vida dos de cá, cada vez mais afastados das zonas centrais das suas cidades pela incomportabilidade dos preços praticados. Portugal é cada vez menos dos portugueses pela necessidade que tem em se vender. Por essa dependência por uma atividade que exige o melhor do que tem para oferecer, e consegue facilmente quem esteja disposto a pagar por isso. Falta saber se Portugal se vende barato, ou se o preço tem sido justo, mas tudo indica que os convites aos de fora têm sido de um desespero tal que não possibilita outra coisa que não seja a deterioração das condições de vida dos de dentro.

Apesar de tudo, não há nenhum país que rejeite, à partida, condições de poder atrair turistas pelo que isso aparentemente representa para as suas cidades e regiões. Por isso, a importância do turismo em Portugal, em termos económicos, é avassaladora. O país à beira-mar plantado é mesmo o quinto do mundo com maior contributo desta atividade à sua riqueza, tendo dado origem, em 2023, de acordo com a World Travel & Tourism Council (WTTC), a 19,1% do seu PIB.

Depois entra o papel das cidades na promoção da sua imagem. No aproveitamento de condições particulares que lhes permitam diferenciação relativamente à concorrência (mesmo interna), e assim atrair o público-alvo desejado. Guimarães é histórica, cultural, e a sustentabilidade do turismo que atrai vive dessa imagem que conserva lá fora. Que deve ser trabalhada de forma estratégica pela relevância que acrescenta à cidade, mas sem desprezar os seus cidadãos, expulsando-os dessa vivência em benefício do negócio.

Depois de Capital Europeia da Cultura em 2012 e Capital Europeia do Desporto em 2013, Guimarães ganhou um lugar de destaque não só em Portugal, mas na Europa, tornando-se num destino desejável para lá do potencial interesse pelo país onde se situava.

Ficou em quinto lugar a candidatura apresentada a Capital Verde Europeia em 2020 e entre os três finalistas de 2025, repetindo-a para 2026, onde se encontra novamente entre os finalistas, com possibilidade de vencer. Elevou-se ao seu ponto mais alto, enquanto destino turístico, em 2012, e teve a oportunidade (e obrigação moral) de aproveitar essa rampa de lançamento com uma insistente promoção.

Talvez por isso seja possível que a imagem da cidade se torne ligeiramente confusa aos olhos de turistas; por se envolver em tão variadas iniciativas e se perder um pouco na necessidade (às vezes pouco seletiva) de se mostrar. Trata-se de uma imagem muito forte do ponto de vista cultural, muito representativa da cidade, e deve ser preservada.

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