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Teremos castro em Santa Leocádia de Briteiros?

Gonçalo Cruz
Opinião \ sexta-feira, agosto 29, 2025
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A bibliografia promoveu-o a castro, o que motivou (e bem) a sua inclusão no PDM de Guimarães.

Andou o fogo, por estes dias, no local conhecido como "a Cruzinha", em Santa Leocádia de Briteiros. Ignição e reacendimento na semana seguinte, ambos rapidamente extintos pela ação dos meios aéreos. O local é um penhasco que domina as vistas sobre o vale de Briteiros, de frente para a Citânia, em cujo topo existe ainda uma cavidade retangular onde, em tempos, estaria fixada a localmente célebre "cruzinha", marco paisagístico da zona.F

Nesta mesma elevação, Monteselo chamada, e cuja plataforma superior se estende para oeste, na direção de Longos, está referenciado um sítio arqueológico. A primeira alusão a vestígios próximos do local veio – como é habitual nas redondezas – das caminhadas de Sarmento por estes montes, embora o topónimo Monteselo surja em textos muito anteriores. A bibliografia posterior promoveu-o a castro, o que motivou (e bem) a sua inclusão no PDM de Guimarães. Mais recentemente, as prospeções efetuadas para a conceção da plataforma Heréditas referenciam-no como povoado aberto, pelo facto de não se distinguirem à vista, vestígios evidentes de uma muralha, condição exigida por qualquer local que se digne chamar de castro.

De facto, não se distingue por ali muralha (o que não quer dizer que não exista), mas os vestígios arqueológicos abundam e, numa simples caminhada*, consegue-se atopar, além de alinhamentos de construções à flor do solo, uma mão-cheia de materiais: tegula e imbrex, de cobertura telhada, ânfora e cerâmica comum. Objetos que apontam para uma cronologia romana. O grande ausente parece ser a cerâmica castreja...

"O Castro de Sabroso, a partir do vizinho Monteselo"

Se não vemos muralha – sugerindo um povoado aberto – nem materiais da Idade do Ferro, terá sido Monteselo um assentamento rural romano? Estará relacionado com as veigas agrícolas da zona das Travessas, uns metros para norte? Pouco mais podemos fazer que especular. A vegetação, particularmente eucaliptal, que recobre Monteselo, não ajuda muito. É, no entanto, curiosa a sua proximidade ao Castro de Sabroso, a cerca de um quilómetro, e onde se chega, a pé, em apenas dez minutos.

Para já, importa continuar a proteger o local do fogo, que este, ao contrário do que se pensa, não "limpa", apenas aprofunda a degradação dos vestígios.

 

*Com o devido agradecimento ao Sr. José Maria Gomes, pela visita orientada.

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