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Triângulo equilátero: concelho quântico, ecológico e renascentista (parte2)

Carlos Caneja Amorim
Opinião \ sexta-feira, novembro 17, 2023
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É matriz da minha ideia de Guimarães o conceito de concelho-cidade e não de cidade-concelho: sou contra a conceção atual do avanço darwinista da cidade para as freguesias vizinhas.

Na primeira parte deste artigo esbocei um tosco esquisso de uma visão para Guimarães, no espaço de uma geração (leia-se: 20 a 30 anos), estruturado da seguinte forma, em termos territoriais: 1 concelho, uma cidade-capital-sede e 9 cidades-vilas. Referi que existem 8 concelhos portugueses com mais de uma cidade e que, por exemplo, o Concelho de Paredes tem 4 cidades: Gandra, Paredes, Rebordosa e Lordelo.

É matriz da minha ideia de Guimarães o conceito de concelho-cidade e não de cidade-concelho: sou contra a conceção atual do avanço darwinista da cidade para as freguesias vizinhas, com a destruição massiva dos espaços verdes, sendo um ataque ao equilíbrio rural-urbano no ecossistema concelhio (as nossas veigas e a nossa Penha já foram sacrificadas de mais: por exemplo, só por cima do meu cadáver – perdoem-me este excesso - será construída uma via rodoviária panorâmica a destruir a zona verdes nobres e icónicas no perímetro da Penha e da D. João IV).

Defendo, sim, um planeamento que consiga alavancar o crescimento urbano ordenado de todo o concelho, priorizando o crescimento interno das 9 vilas. Na complexidade de concretização desse projeto, importa começar por valorizar a importância política e administrativa das Vilas: daí sugerir que o ato primeiro passe por “contratualizar” com a AMA – Agência para a Modernização Administrativa, I.P., a abertura de 9 Lojas do Cidadão nas vilas vimaranenses, eventualmente, aproveitando a centralidade das instalações das Juntas de Freguesia. Será um fator dinamizador, que majorará uma perceção pública de centralidade, gerando uma atratividade que será germinal de futuro. Depois, cumpre, partindo de uma ideia base da necessidade do aumento dos residentes-trabalhadores-jovens criar ou redesenhar (quanto às existentes ORU’S – OPERAÇÕES DE REABILITAÇÃO URBANA: Vila de Ponte, das Taipas e de Pevidém…) um planeamento urbanístico priorizando o deôntico face ao ôntico e afastando a visão atual do alargamento da malha urbana da cidade-capital-sede. Da facto, deve-se partir da ideia matriz de aumentar o crescimento de espaços residenciais (dando primazia ao restauro e à refuncionalização de edifícios industriais, armazéns e comerciais para habitação) no perímetro da centralidade das Vilas. Num ecossistema de academia tecnológica plurilocalizada, seria crucial apoiar um novo modelo de residências universitárias: (i) em vez da lógica de quartos, haveria lógica de apartamentos; (ii) em vez de solução transitória, haveria uma solução potencialmente definitiva para os estudantes, que teriam, em condições favoráveis e atrativas, a possibilidade de adquirirem as frações, continuando a viver e trabalhar nas centralidades das nove Vilas. Crucial, nesta estratégia, é a criação de emprego jovem qualificado, bem como “lucros” de mobilidade. Daí falar em residentes-trabalhadores-jovens-qualificados: importava que o trabalho (não negligenciando o regime remoto) ficasse nas proximidades, garantindo mobilidades curtas e suaves. O modelo é potenciar centralidades económico-sociais-demográficas que alavanquem e acelerem o crescimento para cidade-vila (a grandeza de cidade, com a mística das Vilas, no sentido de escala moderada).

Acelerando: em termos de emprego, importa, antes que seja tarde, antecipar o futuro, o qual passa pela computação quântica: esta vai revolucionar todas as áreas de atividade, incluindo a nossa plural indústria (de perfil já tecnológico) e a logística. 

Não obstante o supercomputador Deucalion, ao que consta, continuar sem sinais vitais (será crucial que se passe da inauguração para a ação), lembro que, de forma pioneira, é na Universidade de Minho que existe o consórcio português QuantaLab, com ligação à IBM Q Network.

Com esta semente, visualizo uma revolução quântica à escala concelhia (com ramificações centrais pelas nove vilas), partindo do eixo central AVEPARK – ACADEMIA DE TRANSFORMAÇÃO DIGITAL (Fábrica do Alto), isto é, um eixo que liga a área de influência Barco – Taipas - Ponte e a área de influência de Pevidém. O AVEPARK será estrutural neste processo, urgindo ser aquilo para que foi construído: Parque de Ciência e Tecnologia. Cumpre avançar com a requalificação da Estrada Nacional 101, com uma derivação até ao AvePark, e um canal dedicado de transporte público que ligue Guimarães à Vila das Taipas, como forma de melhorar a mobilidade no concelho e uma saída da autoestrada A7 na freguesia de Brito, com ligação às Taipas e ao AvePark. Por sua vez, deve cair a ideia peregrina de construir a via AVEPARK e de fazer deste um parque industrial de primeira geração, para indústria transformadora pura e dura. O AVEPARK deverá ser um pioneiro Espaço Tecnológico de Computação Quântica. Ponto. As Vilas de Lordelo, Serzedelo, Moreira de Cónegos, S. Torcato, Brito e Ronfe, serão cruciais na efetivação da ligação entre esta nova tecnologia e a produção industrial aí localizada. Todas as 9 Vilas serão partes integrantes desta Revolução.

Alerta: não seremos, nem queremos ser, um novo Silicon Valley: mas teremos a ambição, na justa medida, de construirmos um Berço Valley à escala concelhia. Este planeamento fará caminho por um concelho quântico e ecológico. A dimensão renascentista fica para o próximo artigo. Pois, além de se entrelaçar o rural e o urbano, cumpre entrelaçar a dimensão tecnológica e quântica com o ideário renascentista, humanista e de promoção da cultura clássica. E Guimarães merece o seu Quartier Latin (pensado para a cidade-capital-sede).

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