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Um futurível com a Universidade do Minho

Alfredo Oliveira
Opinião \ sexta-feira, fevereiro 10, 2023
© Direitos reservados
Guimarães e Braga fazem parte do território do nosso país que mais cresceu nos últimos cinquenta anos.

​​A Universidade do Minho, fundada em agosto de 1973, acabou por ser instalada na cidade de Braga e na de Guimarães. A realidade é o que é, mas podia não ter sido assim, caso a decisão da sua instalação tivesse sido outra. Não custa nada imaginar. Assim, imaginemos!

Guimarães e Braga fazem parte do território do nosso país que mais cresceu nos últimos cinquenta anos, tanto em termos populacionais, como no peso industrial relativo aos valores de exportação, na área científica e em termos de mobilidade sustentável. Quem o diz é uma nova publicação, referente ao desenvolvimento económico de Portugal 1973/2023.

Nesse estudo, apontam-se algumas das razões que explicam este sucesso. Pode ler-se que a instalação da Universidade do Minho na zona de Caldas das Taipas (tal como inicialmente estava previsto), permitiu alavancar um conjunto de sinergias e potencialidades que estiveram adormecidas durante décadas. Num distrito marcado por uma histórica rivalidade entre Guimarães e Braga, a criação da Universidade nessa vila charneira permitiu potenciar o que de melhor existia e existe nesses concelhos. Outra das razões desse sucesso prende-se com a aposta na via ferroviária/linha de metro que uniu finalmente as duas cidades. Essa linha levou à construção de um túnel de cerca de nove quilómetros que atravessou a Falperra e que, na altura, alguns responsáveis afirmavam que tal “seria muito difícil justificar” e que “o volume de procura” não justificava o investimento.

A terceira razão apontada nesse estudo para o sucesso da terceira área metropolitana do país está ligada à requalificação das vias rodoviárias que ligam as duas maiores cidades minhotas. Os 12,8 quilómetros entre o nó de Celeirós (Braga) e o nó de Guimarães deixaram de ser considerados autoestrada e passaram a ser classificados como Nacional 101, não se pagando obviamente portagens, realidade conseguida pela forte pressão dos autarcas de Guimarães e de Braga junto do poder central que não teve alternativa senão ceder às pretensões do poder local. Esta mudança permitiu à antiga Nacional 101 requalificar-se e dotar-se de uma ciclovia que, em meia dúzia de anos, se tornou na quinta ciclovia, a unir duas cidades, mais utilizada no espaço da União Europeia.

Pois bem, nesta altura do cinquentenário, a UMinho já se estendeu pelas duas margens do rio Ave na zona das Taipas e está considerada como uma das melhores 100 universidades do mundo. Passou a ter a maior zona verde de todas as universidades do país e a sua ligação ao Avepark e ao INL de Braga são referência mundial.

Estará tudo em sintonia entre as duas cidades? Não, ainda há uma forte rivalidade no mundo do futebol. No entanto, nunca essa rivalidade esteve tão saudável. A aproximação dos dois clubes, partindo do bom exemplo da UMinho, uniu os clubes na defesa do fundamental, que se traduziu, nos últimos dez campeonatos, na conquista de um por parte do Vitória e de outro pelo Braga.

 

Poderia ter acontecido assim, mas não é essa a realidade.

Parabéns à Universidade do Minho, a iniciar as comemorações do seu cinquentenário, que nos inspirou para este cenário de “futuro possível”, caso a UMinho tivesse sido instalada num único polo e em Caldas das Taipas!

 

Boas leituras

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