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Novo ciclo político e a necessidade de um hospital reforçado

Prof. Dr. José Cotter
Opinião \ segunda-feira, fevereiro 21, 2022
© Direitos reservados
Em 30 anos de hospital muito se alterou. A instituição é um excelente hospital para a cidade, mas necessita, por razões assistenciais e de diferenciação, de passar a ser um bom hospital para o Ave.

As últimas eleições traduziram-se por uma maioria absoluta de que provavelmente resultará um governo para uma longa legislatura. É tradicional que habitualmente, quando tal acontece, um conjunto de reformas mais impactantes mas também mais controversas, sejam desencadeadas nos primeiros tempos do mandato. Na área da saúde, muitas alterações poderão acontecer e muitas decisões haverá para tomar, mas tal também estará muito dependente de quem será o titular da respetiva pasta ministerial. Porque apesar de haver um programa partidário e um programa governamental, as linhas de orientação têm uma variabilidade grande dependentes do titular da pasta.

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) está mergulhado numa profunda crise, por muito que se queira “tapar o sol com a peneira”. As causas são variadas, mas fundamentalmente destaca-se a sua não atratividade para os profissionais médicos (e não só), a excessiva centralização da sua gestão (com toda a inoperacionalidade que origina a jusante), a deterioração e/ou falta de modernização das instalações e a falta de capacidade de resposta. Veja-se o que aconteceu na “era covid”. Para que os cidadãos com esta doença fossem atendidos de forma aceitável, os demais doentes foram esquecidos ou incompreensivelmente secundarizados.

As soluções ou reformas podem ser diversas e urge que aconteçam, mas deverão ser progressivas, ponderadas, com uma prioridade seletiva de acordo com a sua urgência, de forma a não originarem roturas totais que apenas poderão agravar uma situação já de si muito débil. Dizer que nos últimos anos se contrataram mais profissionais, que se fizeram mais cirurgias e atos médicos de uma forma geral soa a conversa de políticos que não dizem toda a verdade, tentando esconder os números dos que, insatisfeitos com o SNS o abandonaram, os verdadeiros números das listas de espera, as condições em que os doentes estão instalados, a exiguidade de muitas instalações, o ancestral afluxo excessivo de doentes às urgências hospitalares, etc., etc., etc.

E então o que é legitimo esperar a curto/médio prazo para Guimarães, nomeadamente a nível hospitalar? Reforma das instalações que estiveram mais de 20 anos sem ver obras significativas, expansão da Unidade de Cirurgia de Ambulatório (de forma a permitir mais cirurgias) e da área de ambulatório (para permitir mais consultas e exames complementares), redimensionamento das áreas de internamento, eventualmente edificar mais módulos, otimização de recursos humanos nomeadamente recrutamento urgente em algumas áreas (das quais o caso mais grave é o de anestesiologia). Para isto e muito mais é necessário criar acima de tudo influência política. A importância de tudo isto relaciona-se com o facto do hospital ser atualmente referência de uma região e não apenas de uma cidade e assim ter capacidade de absorver, com dignidade e eficiência, a população que a ele acorre.

E não, como acontece atualmente, ser essa uma referência sem capacidades para o assumir eficazmente. Em 30 anos de hospital muito se alterou, nomeadamente o facto da instituição ser um excelente hospital para a cidade mas necessitar, por razões assistenciais e de diferenciação, de passar a ser um bom hospital para a região do Ave.

Porque de uma coisa podem ter a certeza: estas necessidades dizem respeito a toda a população, pois qualquer um de nós se adoecer subitamente de forma grave, vai socorrer-se do hospital mais próximo da sua área de residência e é desejável que este tenha as melhores condições. Independentemente do médico assistente ser do Porto, Lisboa ou Estados Unidos da América. O trajeto em situação de urgência é invariavelmente o mesmo, ou seja, socorrermo-nos do hospital mais próximo.

Por isso, no que respeita a Guimarães, e tendo em atenção que estamos num país por demais centralizado, o esforço e a influência junto do poder central que habitualmente privilegia os grandes centros urbanos, tem de envolver as forças políticas vimaranenses, as instituições, a sociedade civil, enfim todos nós. Nunca seremos de mais! Em defesa de nós próprios, das nossas famílias, dos nossos conterrâneos, da nossa região!

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