Umas férias saudáveis!
A obesidade e o excesso de peso são dos problemas de saúde pública mais frequentes da atualidade. Fundamentalmente porque acarretam muitas e graves consequências das quais as mais frequentes são os problemas cardiovasculares (acidentes vasculares cerebrais, enfartes de miocárdio), doenças do fígado e vesícula, diabetes, dislipidemias (elevação do colesterol e/ou triglicerídeos), doenças ósseas e articulares, pancreatites, enfim, um horror de problemas a que se junta também constituir-se como um fator de risco para o aparecimento de diversas doenças malignas (cancro).
A situação tem vindo a agravar-se progressivamente a nível mundial fruto de vários fatores, essencialmente por erros dietéticos relacionados com uma alimentação com excesso de calorias, mas também com um marcado sedentarismo a que a sociedade contemporânea convida levando as pessoas a executar as suas tarefas do quotidiano praticamente “sem se mexerem”.
Curiosamente a maioria das pessoas têm conhecimento dos problemas de saúde que o excesso de peso acarreta, mas o que as preocupa mais será a questão estética. Legitimamente, acrescento eu, mas como médico tenho o dever de alertar essencialmente para os problemas de saúde que daí possam advir. Ironicamente, com o aproximar do Verão, existe sempre uma preocupação acrescida com o excesso ponderal, o que leva as pessoas a enveredarem por dietas temporárias, nem sempre bem sucedidas, inconsequentes, além de não sustentadas.
Por outro lado, as férias, tão apetecíveis para todos, associam-se a um conceito de descanso que se traduz por dormir mais, estar sossegado ao sol, comer muito e desadequadamente e ingerir bebidas nem sempre saudáveis em maior quantidade, o que se traduz num inevitável aumento de peso que por vezes é difícil de voltar a perder.
Por isso, impõe-se recordar algumas normas que se revelam importantes para combater o tendencial aumento de peso que ocorre nas férias. Em primeiro lugar, não pode haver sensação de fome, para que não se desencadeie um impulso que leve a ingerir alimentos desaconselháveis. Para isso é necessário beber muito ao longo do dia, preferencialmente água, de forma a transmitir uma sensação de saciedade que não desencadeie tais impulsos, além de fazer pequenas refeições ao longo do dia que, por sua vez, irão evitar refeições muito abundantes.
Em segundo lugar, deve fazer-se uma alimentação seletiva, com muito peixe, com carne e ovos, além de sopa de legumes (sem batata), saladas abundantes e fruta. Os doces e tudo o que contenha açúcar deve estar proibido, mas também a ingestão de pão deve ser residual. Massa, batata e arroz também são pouco desejáveis, e então em conjunto são de todo impensáveis. Os laticínios devem ser magros, bem como as carnes. E a ingestão de bebidas alcoólicas é mesmo dispensável, pelo seu elevado valor calórico de todo não aproveitável.
Tudo isto deverá ser acompanhado de exercício físico diário, num mínimo de 45 minutos seguidos ou intervalados, seja sob a forma de caminhada, bicicleta, ginásio, natação ou outro. Neste momento o leitor estará admirado pois os seus hábitos de férias estarão longe do que proponho? Talvez, mas acredite que com estas normas simples, aplicáveis no dia a dia, que mantenham a pessoa saciada à custa de alimentos sem excessos de calorias, haverá umas férias mais saudáveis, com boa disposição, associando o descanso físico ao necessário descanso psíquico, sem sequelas negativas na saúde. E a mais agradável surpresa será no final das férias a balança não apresentar nenhuma surpresa desagradável!