Veiga de Creixomil: “um artefacto cultural”
É conhecida a frase do historiador e médico vimaranense João de Meira, onde afirma que: “Antes que Portugal fosse Portugal, antes que o concelho de Guimarães fosse o término de Vimaranes, já Creixomil era Creiximir”.
De acordo com alguns historiadores, antes de Guimarães se constituir como território, já existiria Creixomil. Desde tempos idos, com referências que recuam ao período romano, que a veiga surge como polo aglutinador de populações. Os seus terrenos férteis foram permitindo que à sua volta surgisse um aglomerado populacional de forma permanente, tendo como suporte económico a agricultura.
Nos tempos atuais, é a esta área classificada de reserva ecológica e reserva agrícola que devemos a preservação desse espaço.
A cidade de Guimarães é reconhecida pelo seu património histórico, mas se temos algo, como alguns gostam de dizer, “único”, que entra quase pelo Toural adentro, é a sua veiga de Creixomil. Olhamos à nossa volta e qual é a cidade que tem um espaço sem profundas alterações “modernas” como cartão de visitas da sua cidade?
O Laboratório da Paisagem, por outras palavras, sustenta que a veiga de Creixomil evidencia que “é possível conservar uma zona com relevante interesse paisagístico, de biodiversidade e agricultura, mesmo às portas da zona urbana”.
Nos dias de hoje, são estas individualidades que marcam e identificam um território.
Álvaro Domingues, geógrafo que esteve em Guimarães durante anos a trabalhar no PDM local, classifica e muito bem, dizemos nós, a veiga de Creixomil como “um artefacto cultural”. Ao longo destes últimos séculos, este espaço, como diz, “foi-se moldando e adaptando às diferentes sociedades”, mas mantendo uma certa memória de outros tempos, onde o homem soube usar esse espaço preservando-o ao mesmo tempo.
Foi sofrendo alguns atentados e “alguns delírios”, como afirma Álvaro Domingues. Refere, como exemplo, um projeto de 2007 (tendo em vista a CEC 2012) de criação de parque rural com um lago artificial de oito hectares e uma marina para desportos aquáticos. Anos antes, acrescentamos nós, também foi lançada ao vento a mudança do estádio para essa zona para se acolher o Euro 2004.
Com uma nova candidatura a Guimarães Capital Verde Europeia para 2025, a veiga de Creixomil pode ser um elemento diferenciador nessa candidatura e potenciador do sucesso da mesma.
Boas leituras.