O papel da escola num mundo de contradições
Um dos temas que está na ordem do dia é o regresso da Suécia aos manuais escolares em papel, após um período de vários anos em que se apostou fortemente na introdução dos meios digitais, inclusivamente no ensino pré-escolar. Uma das razões para a tomada desta decisão por parte de Lotta Edholm, ministra da Educação sueca, relaciona-se com a descida do país no ranking de literacia em Leitura. O uso excessivo de meios digitais poderá ser a explicação para esta diminuição de competências, que possivelmente é extensível a outras áreas do saber. Ao mesmo tempo, Portugal encontra-se (ainda) no percurso inverso, substituindo progressivamente os manuais em papel por livros digitais.
A gestão da utilização dos meios digitais é um pleno exemplo da contradição que a nossa sociedade encerra. Perante as evidências da utilização excessiva e dependência de meios digitais por parte de crianças, jovens e adultos, procura-se ainda assim multiplicar os espaços e o tempo da sua utilização.
A escola, como instituição de referência, promotora e influenciadora de comportamentos que perduram no tempo, pode, e deve, ter um papel relevante na gestão do equilíbrio entre a utilização dos meios tecnológicos e a manutenção de hábitos e costumes ditos “tradicionais”, que se revelam altamente positivos para o desenvolvimento de competências físicas, cognitivas e sociais.
Dentro desta esfera de ação, deve-se realçar a proporcionalidade direta entre o tempo de exposição a ecrãs e a diminuição do tempo de prática de atividades físicas. A escola deve por isso contribuir para devolver o palpável, o espaço natural e as oportunidades de movimento, descoberta e criatividade às crianças e jovens de hoje, que serão os adultos de amanhã.