O sucesso e o fracasso desportivo
Tornou-se viral a resposta de Giannis Antetokounmpo, jogador dos Milwaukee Bucks, à questão de um jornalista sobre o seu eventual fracasso, após a eliminação precoce no playoff da NBA. Segundo o jogador grego, a derrota da equipa não foi um fracasso para si, mas sim «um passo para o sucesso», dando o exemplo de Michael Jordan, o melhor jogador de basquetebol de todos os tempos, que, em 15 anos de carreira, conquistou “apenas” seis títulos de campeão.
Entretanto, Shaquille O’Neal, ex-jogador da NBA e atualmente analista da TNT, veio afirmar que ele próprio em 20 anos de carreira, conquistou 4 títulos de campeão e por isso fracassou em 16 anos. Segundo Shaq, fracasso é a “falta de sucesso ou a incapacidade de atender às expectativas” e que, por isso, todos os anos em que não ganhou terá fracassado.
Esta discussão levanta-nos diversas interrogações sobre a fronteira entre o sucesso e o insucesso e sobre a forma como avaliamos o desempenho de um jogador, equipa ou até mesmo de um treinador.
Dando um exemplo prático da realidade portuguesa e do desporto das massas, o futebol, o lado emocional dos adeptos e uma narrativa socialmente pré-estabelecida parece definir esses limites. Temos três clubes onde tudo o que não seja conquistar o campeonato é definido como fracasso, mesmo que na prática apenas um deles o possa fazer. O estatuto adquirido por esses clubes leva a que o sucesso/fracasso seja avaliado segundo uma ótica superficial e muitas vezes até irracional. O mesmo pode ser extrapolado para outros clubes, noutros contextos e noutros patamares competitivos.
No caso do desporto amador e particularmente de formação, é recomendável procurar avaliar o sucesso de uma forma mais consciente e criteriosa. O sucesso dificilmente manifestar-se-á apenas nos resultados a curto prazo. É necessário ter atenção ao processo, a médio e a longo prazo, ao desenvolvimento desportivo individual e ao desenvolvimento integral de cada um dos praticantes. Todos estes fatores podem ser indicadores de sucesso da prática desportiva. Por outro lado, o fracasso por ser identificado a partir do momento em que a prática desportiva deixa de ser prazerosa, a motivação diminui e o abandono concretiza-se.