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Eu quero uma Academia só para mim…

José Fidalgo Martins
Opinião \ quarta-feira, maio 29, 2024
© Direitos reservados
Qualquer política municipal deve ser um fator de promoção da igualdade de oportunidades no acesso à construção e/ou à utilização de instalações desportivas públicas.

O atraso na construção da nova Academia do Vitória SC projetada para as freguesias de Ponte e Silvares veio reacender em Guimarães o debate sobre os apoios autárquicos aos clubes desportivos.

É possível desde já levantar algumas questões:

De que forma e com que critérios deve uma autarquia apoiar um clube, nomeadamente na expansão das suas instalações? Deve o município ser o principal impulsionador e financiador do projeto ou “apenas” um parceiro e um elemento facilitador do mesmo?

Vinte anos depois da organização em Portugal do Euro 2004, que foi um autêntico atentado ao erário público, é difícil a uma autarquia justificar apoios arbitrários a um clube de futebol, por mais popular que este seja junto da comunidade. Parece por isso razoável e de fácil entendimento que o município de Guimarães não queira assumir a liderança do processo da construção da nova academia, entregando essa responsabilidade ao próprio Vitória SC e, ao mesmo tempo, revele alguma cautela na forma e na dimensão do apoio ao clube.

Como é sabido, as infraestruturas desportivas são fatores absolutamente decisivos no desenvolvimento dos clubes. Nesta e noutras situações, qualquer política municipal deve ser um fator de promoção da igualdade de oportunidades no acesso à construção e/ou à utilização de instalações desportivas públicas. A “regra” definida para o apoio a um clube deverá logicamente ser aplicada aos restantes clubes.

Numa visão mais ampla de gestão de instalações, é extremamente vantajoso rentabilizar os espaços desportivos municipais promovendo múltiplas utilizações por parte de diferentes atores.

Nessa linha, a construção de um novo pavilhão com duas naves na EB 2 e 3 João de Meira é uma excelente notícia para o concelho e em particular para os alunos da escola que há muitos anos realizam as suas aulas de Educação Física num espaço manifestamente precário. No entanto, qualquer tentativa de tornar uma das naves de utilização exclusiva do Vitória SC, seja em prejuízo dos próprios alunos ou de outros clubes vimaranense, será absolutamente incompreensível e lesiva para o interesse comum.

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