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Soares e Cavaco sonharam: Rui Rio quer um Portugal europeu

Carlos Caneja Amorim
Opinião \ quarta-feira, janeiro 12, 2022
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Rui Rio, num ato de coragem e ambição patriótica, não se esconde, e verbaliza, responsabilizando-se, que quer concretizar o sonho de Soares e Cavaco: construir um Portugal Europeu.

Até à assinatura, a 12 de junho de 1985, da adesão de Portugal às Comunidades Europeias, em Lisboa, no Mosteiro dos Jerónimos, muitos passos foram dados, concluindo-se o processo a 1 de janeiro de 1986, com a entrada em vigor do tratado de adesão.

A integração e expansão europeias tiveram avanços significativos, contando com o apoio maioritário das sociedades europeias em geral, e da portuguesa em particular. Não obstante ser uma história de indiscutível sucesso, a integração europeia tem desafios e dificuldades que importa não negligenciar. Destaca-se continuar a ser um espaço a plurais velocidades e com diferentes níveis de desenvolvimento, sendo poucos os que conseguem alcançar o pelotão da frente.

Portugal está há mais de duas décadas a divergir da Europa, afastando-se da média de crescimento da União Europeia desde o ano 2000, tendo hoje os portugueses menos poder de compra do que há 20 anos. Rui Rio definiu como prioridade máxima da sua governação concretizar o nosso desígnio europeu após 36 anos da adesão. No fundo, assumir que enquanto os nossos níveis de produção, nível de endividamento (público e privado) e défice externo não se aproximarem dos golden standards europeus, dificilmente alcançaremos o desiderato de termos salários europeus em Portugal.

Muitos não querem assumir esse propósito de sermos europeus por inteiro, pois, temem a radiografia comparativa, logo, o obstáculo na construção das narrativas virtuosas e do público reconhecimento do fracasso governativo. Rui Rio, num ato de coragem e ambição patriótica, não se esconde, e verbaliza, responsabilizando-se, que quer concretizar o sonho de Soares e Cavaco: construir um Portugal Europeu.

Será um Rio que nasce no mar, pois, não obstante o orgulho nas epopeias marítimas, é tempo de nos virarmos para terra, para o espaço europeu, sem medo de adamastores; no fundo, assumindo o desígnio de querer competir com os melhores, para estarmos entre os melhores, e, destarte, termos acessos a salários europeus, politicas de saúde, de educação e de ambiente de excelência europeia, orçamento para a cultura de grandeza europeia… and so on.

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