Miscelânea de Verão
Junho é o mês de entrada do Verão, que se iniciou com o Dia Mundial da Criança, cujos direitos são tantas s vezes vilipendiados em Gaza, na Ucrânia e por esse mundo fora, com mais ou menos veemência, por parte de inúmeras mentes insanas que governam o mundo.
Crianças cujos pais, mais de um ano volvido por cá, vão continuar desesperadamente a lutar por uma vaga na creche e quando chegam à velhice, a pugnar por um lugar ao sol ...
Na realidade, dizem os números que em matéria de Infância apenas 1225 lugares estão concluídos entre os 24143 previstos, ainda que 8700 estejam em construção. Números que além da infância, vergonhosamente se prolongam à velhice., porquanto somente 223 lugares de alojamento estão disponíveis entre os 4135 previsíveis. Uma situação a que se ajunta a delonga na implementação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) que estando prestes a chegar ao fim, ainda tem 66% dos projetos em risco, apesar da revisão de que foi alvo e que permitiu tão-somente 9 investimentos acabados, entre 120 contemplados...
Mas, outrossim, o mês que calendariza o Dia Mundial do Ambiente, que há longos anos anda a ansiar melhores dias e que geralmente não passa da agenda!
É óbvio que Guimarães parece caminhar e dar (alguns) passos em frente nos trilhos e ecovias do devir, pedonalização e outros pontos sensíveis, aspetos que, entre outros, terão contribuído para a atribuição do galardão de Capital Verde Europeia 2026. Todavia, uma situação que certamente acarretará desafios mais exigentes e futuras ações, que a assinatura recente da carta de intenções da Carta Verde Europeia indicia no presente e perspetiva no futuro, como os microplástico detetados no Ave, Selho e vizinho Vizela.
Logo, novos cantares ao desafio se impõem:
Verde é o nosso caldo e o vinho
Verde a cor da nossa bandeira
Verde é o tom do verde linho
Cor da Penha, paz da oliveira
Não pôr pé em verde ramo
E o sinal verde bem respeitar
Será a carta verde que clamo
Para o tráfego vermelho vetar
Mas Junho é também o mês dos Santos Populares, de fazer esquecer provisoriamente as agruras do quotidiano, acender e saltar fogueiras e de saborear a sardinha na brasa, que como o povo diz deve ser comida nos meses sem “r”.
Ademais, neste mês, não esqueçamos, realizaram-se ainda os Festivais Gil Vicente que continuam sem um mínimo de cheirinho da sua obra, mas que felizmente continua presente nos conteúdos programáticos de educação literária e escolar e quiçá por isso a merecer se mantenha vivo! E claro, há também a Feira Afonsina e o 24 de Junho - Dia Um de Portugal, feriado municipal, que curiosamente outrora ocorria em 8 de Junho, a data de representação do Monólogo do Vaqueiro ou Auto da Visitação de mestre do Gil Vicente, que pioneiramente, em 1502, abriu a cortina ao teatro português.
Um feriado a que se ajuntam mais dois, a convidar a pontes do calendário; o 10 de Junho, Dia de Portugal, Camões e da Comunidades e o Corpo de Deus, feriado religioso celebrado sempre a uma quinta-feira, 60 dias após a Páscoa.
Mas Junho é também o mês de várias outras efemérides concelhias. Recorde-se e cite-se a Feira Afonsina e o 24 de Junho de 1128, Dia da Batalha de S. Mamede. Ocorrências a que ajunta também, a 7 de Junho, o 23º. aniversário da novel associação Osmusiké, que entre nós tem contribuído de sobremaneira para a promoção da cultura popular da cidade.
No entanto, Junho foi também o mês de novo governo, isto é, do governo recauchutado que já trazia às costas um ano de rodagem e que alguns tendem desde já a criticar na sua composição, quer pela subalternização da cultura e aparente evolução na continuidade em matéria de saúde.
Com efeito, mais um ano perdido, entre outros, com pouco mais do que satisfação reivindicativa de algumas classes profissionais, que infelizmente não foram entendidas pelos antecessores a devido tempo. Por isso, um governo que acima de tudo voltou ao poder por falta de comparência do seu adversário mais direto, que na circunstância primou pela falta de ligação ao eleitorado tradicional e manifestou cansaço de oito anos de governo, senão mesmo falta de propostas mobilizadoras.
De facto, não obstante muitos caminhos que Abril abriu e outros ainda por cumprir, há a sensação que tudo tarda e tudo demora neste canto à beira-mar plantado e que apesar dos gritos e vozes que agora é que vai, ou soluções de racha pessegueiro, já poucos acreditam que os verdadeiros problemas se resolvam ou até mitiguem e que muito menos avancem com a agitação de subterfúgios marginais, designadamente a revisão constitucional ...
Efetivamente, os principais produtos alimentares, em especial a carne e o peixe, estão pela hora da morte, em média cerca de 35% mais caros, nos últimos três anos, enquanto os salários mais baixos se quedam pelos 23%. Como não bastasse, das 33 mil casas previstas até 2030, apenas 1900 estarão prontas, situação que levou Bruxelas a proceder a um puxão de orelhas ao governo português, pela incapacidade manifesta, quer no controle dos preços especulativos da habitação (ora na aquisição ora no arrendamento), quer no licenciamento continuado de alojamentos locais e na recuperação de imóveis devolutos e abandonados.
Como não bastasse, o esforço fiscal do país é o 4º. maior da União Europeia e os problemas de fundo continuam lentamente a ser empurrados com a barriga. Basta recordar que o plano de prevenção de risco governamental no âmbito do combate à corrupção foi apena publicado recentemente. com mais de 8 meses de atraso.
É claro que mais vale tarde do que nunca!
Além disso, neste último ano milhares de alunos (não se sabe bem quantos!) ficaram sem aulas a algumas disciplinas, enquanto cresceram as listas de utentes sem médico de família e alguns “enriquecem” desmesuradamente com as cirurgias fora de horas. comissões bancárias e quejandos ou negociatas de vária índole ...
Mas dizem que agora é que é!
Incrédulos vamos esperar sentados no sofá para constatar se realmente assim é, não obstante se alinharem algumas promessas de estabilidade no estado social, no âmbito da saúde, segurança social e escola pública, na política de rendimentos e dignidade do trabalho e equidade fiscal. Compromissos que se alargam ainda à justiça, crescimento sustentável e aumento da oferta habitacional, combate à corrupção e modernização, bem como aa atos compromissivos nas políticas de imigração e segurança e proteção civil. Trabalhos de Hércules obviamente, que recentes apagões deixam muita gente às escuras ou de pé atrás ...
Para já, aí está o mês dos exames e descanso próximo, com o subsídio de férias prestes a entrar no bolso, num calorzinho acrescido de alívio orçamental
E para já, Portugal deu cartas nas provas europeias de canoagem em Ponta de Lima, na conquista do Europeu de Futebol de Sub-17, em Tirana e como vencedor da Liga da Nações, em Munique.