No dealbar de 2025
O Ano Novo de 2025 está ainda a entrar aos apalpões e pouco esperançoso, com duas guerras ativas às costas, com Donald Trump às cavalitas do mundo e com um saco de exigências de mais investimentos europeus na defesa (NATO), bem como nas ameaças à emigração e aumento de taxas alfandegárias sobre produtos importados. E como não bastasse, aspirações ao controlo do canal de Panamá e Gronelândia. Problemas aos quais se ajuntam as crises políticas e económicas na União Europeia, nomeadamente na França e Alemanha e especificamente na indústria automóvel, que a loucura desafiante dos líderes mundiais exponenciam, quando chegam ao cúmulo de propor duelos de mísseis, à laia do faroeste e dão cobertura a práticas de genocídio ou terrorismo, sem o menor respeito pelo direito internacional e a vida humana. Sinais dos tempos, dominados por novos imperialismos, que estendem as suas garra ao mundo com putinices e trumpices de vária índole, por via direta ou através de quejandos e acólitos, quer em manipulações eleitorais à la Musk quer em mortes suspeitas na prisão como Alexei Navalny, líder da oposição russa.
Apesar de tudo, 2024 foi ano de Jogos Olímpicos, em Paris e de recuperação de Notre Dame, mas também da queda do regime ditatorial sírio de Bashar Assad e do auge da extrema-direita europeia. Outrossim, da rejeição de Maduro e novos focos de instabilidade, como na Geórgia, Venezuela ou Moçambique. Igualmente, um ano de grandes secas, incêndios, subida da temperatura e inundações devastadoras, como aconteceu em Valência.
Mas se assim vai o mundo, que em contraposição empurra com a barriga os problemas ambientais, como aconteceu na COP 29, em Bacu, ou até se arroga convenientemente em discursos negacionistas, assim vai também a consciência do universo, que continua o seu movimento retrógrado , às avessas e em desconcerto, que como já dizia Camões “não se muda já como soía”
Além disso, um ano em que emergem também novos “fenómenos” como a Swit(mania) e um novo máximo de utilizadores de redes sociais (5, 17 mil milhões), ou seja, mais 270 milhões do que em 2023, que paradoxalmente parecem indiciar mais comunicação. Números que são também confrangedores em certas vertentes, como as 20 mil crianças mortas na faixa de Gaza, no último ano, ou a subida da temperatura média anual diária, atingida em 22 de Junho. o mais quente já registado desde 1940.
Não menos esperançoso vai o país, que vê os índices de pobreza crescer, de acordo com dados da Pordata, assiste impávido aos tumultos na região de Lisboa decorrentes da morte de Odair Moniz e sente a xenofobia descer às ruas, com a polícia ausente das ruas quando e onde deveria estar, ou vê o país na cauda da Europa da literacia.
De facto, no ano ano do centenário do nascimento de Mário Soares, que coincide com a passagem dos 50 anos do 25 de Abril e o 25 de Novembro deseja colocar-se em bicos de pés, a democracia sentir-se-ia ainda na dissolução da Assembleia República e subsequente convocação de eleições antecipadas, que culminaria com a ascensão de novos dirigentes políticos e subida ascensional de outros. Além disso, um ano de mudança radical do panorama eleitoral português, traduzido em especial na entrada do Chega na Assembleia da República, que de certa forma abalou o bipartidarismo e trouxe a direita mais radical para o parlamento.
Consequentemente, um ano de rotura, que além de um novo governo minoritário no poder, que conseguiu ultrapassar anovela do orçamento, fez ascender os dois novos líderes dos principais partidos (Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos) e despontar um terceiro André Ventura. Outrossim, um ano que testemunhou várias mudanças: líderes parlamentares, do Procurador-Geral da República e muitas outras (mais discutíveis, mas habituais) que se seguiram , numa ambiente de rotura a que nem sequer escapou o mundo desportivo com a saída de cena de Pinto da Costa. Com efeito, para além das habituais saídas de cena , ou transferências de técnicos como Sérgio Conceição para o AC de Milan, Ruben Amorim para Manchester e Rui Borges para o Sporting, as “chicotadas psicológicas” também não faltaram com destaque para Roger Schmidt e Daniel Sousa, entre outros.
Aliás, a nível desportivo, diga-se em abono da verdade, apesar de algumas prestações falhadas, assistiu-se ainda positivamente a uma honrosa presença e participação olímpica portuguesa nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 , que além de uma medalha de bronze no judo, por Patrícia Sampaio, conquistaria duas de prata por Pedro Pichardo (triplo salto) e Iúri Leitão em ciclismo de pista (omnium) e ainda uma medalha de ouro, também em ciclismo de pista (modalidade de Madison), pela dupla Iúri Leitão e Rui Oliveira.
Ademais, no que respeita a desporto, em que o Sporting foi campeão nacional da Liga e a Taça de Portugal pendeu para o Porto, salienta-se ainda o apuramento da seleção nacional para a 4ª. edição da Liga das Nações e das nossas Navegadoras femininas, que garantiram a presença na fase final do Campeonato da Europa, inseridas no grupo B com a Espanha, Bélgica e Itália, cuja competição decorrerá na Suíça, entre 2 e 27 de Julho, país onde se realizará também, no mê de Maio, a 69ª. edição do Festival Eurovisão da Canção
Deste modo, mais do que um ano de transição, um ano de rotura, que em decorrência da Operação Influencer pôs fim a um ciclo eleitoral normal e catapultou António Costa para a presidência do Conselho Europeu, num período crucial que vai exigir muito jogo de cintura , em especial no que concerne ao diálogo interatlântico. Em aditamento, um ano que transferiu Maria Luís Albuquerque para o comissariado europeu das áreas financeiras e mercados de capitais.
Efetivamente, num ano de Instabilidade, quer social por parte de vários grupos profissionais, quer política, a que nem sequer escaparam os territórios insulares da Madeira e dos Açores, .o ano de 2024 teve um pouco de tudo: fugas como a ocorrida no Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus; corrida para as urgências pediátricas e hospitalares, nem sempre de portas abertas; continuidade de alunos sem aulas e da crise habitacional …
Em súmula, mais um ano que os 500 anos de nascimento de Camões fazem parecer de “apagada e vil tristeza” e evocar outros poetas (utópicos e satíricos), também centenários, como Alexandre O’ Neill , que afinal nesta “Feira Cabisbaixa” que é o país , desabafa ironicamente “Ó Portugal, se fosses só três silabas” …
Por cá e por estas bandas, a cidade-berço teve em 2024 alguns marcos importantes a registar. Não só por parte do nosso Vitória que se alcandorou à torre do castelo na Conference League, como também na recuperação da Torre da Alfândega e dos Fornos de Olaria da Cruz de Pedra, a que me ligam laços familiares das Rainhas, a que ajunta em tempos anteriores a requalificação do adarve da muralha. E outros previsto como a recuperação do Mosteiro de Santa Rosa de Lima. Situações que demonstram que a cidade continua atenta ao que tem de melhor e à preservação do seu passado histórico e monumental, o que nem sempre aconteceu no passado. Basta recordar que o belo Café Oriental, inaugurado há 100 anos (1925), seria lamentavelmente demolido nos anos 60!
Mas a cereja em cima do bolo chegaria em finais de Novembro, com o recente galardão recebido de Capital Verde Europeia, em 2026, na esteira de outras consagrações como Património Mundial da Humanidade (2001), alargado recentemente aos Couros, (2023), bem como a Capital Europeia da Cultura (2012) e Cidade Europeia do Desporto (2013).
Diga-se, que só falta mesmo a consagração das Nicolinas como Património Oral e Imaterial da Humanidade, festividade que lamentavelmente e recentemente perdeu Manuel da Silva Freitas, conhecido por Manuel das Vacas, figura incontornável das festas.
Mas, de facto, Guimarães não para e programa já os 900 anos da Batalha de S. Mamede, Dia Um de Portugal (1128-2028), antecipando-se desde já iniciativas interessantes nos agrupamentos escolares, designada de “Primeiro Dia” e uma produção cinematográfica que materializará uma série histórica a ser produzida pelo “Bando à Parte” e do vimaranense Rodrigo Areias.
Outrossim, em termos orçamentais, o plano camarário de 2025, em final de mandato autárquico, promete concretizar propostas anteriores, como a pedonalização de áreas da cidade e outras já equacionadas. Com efeito, o Plano de Investimentos e Atividades (PIA) para 2025 é o maior orçamento de sempre, no valor global de 220 milhões de euros, o que representa acréscimos de receitas e investimentos significativos e que obviamente vai pôr à prova a sua capacidade de execução, até porque parte substancial dos seu financiamento está dependente do sistema de incentivos do Portugal 2030 e sobretudo dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRP).
São, entre outros, os projetos da Escola de Engenharia Aeroespacial, com a reabilitação da Fábrica do Arquinho, da Escola- Hotel do IPCA, na Quinta do Costeado e acima de tudo o lançamento do programa habitacional. Realmente, no âmbito da Estratégia Local de Habitação, que integra mais de 900 casas, o PRP aprovou financeiramente 111, que aguarda avanço no terreno.
No entanto, para além destas intenções, o PIA prevê diversas ações no plano da educação, concretamente na reabilitação da EB 2,3 Santos Simões, EB 2,3 de Pevidém e EB 2,3 de S. Torcato, assim como no edifício para alojamentos de estudantes do Avepark.
Por seu turno, no domínio da saúde e após conclusão do Centro de Saúde Moreira de Cónegos, está prevista a edificação do Centro de Saúde da Encosta da Penha, assim como ampliações das USF de Urgezes, São Nicolau, Ronfe, S. Torcato, Serzedelo e Pevidém.
As obras estendem-se ainda ao ordenamento do território e acessibilidades como a variante Creixomil/Rodovia/Salgueiral e Castanheiro, à mini variante desde a Pista Gémeos Castro até à rotunda do Reboto, a que se ajuntam investimentos na Rede Viária e Urbana, no âmbito dos transportes e comunicações, designadamente a Vila do Avepark, a requalificação da Avenida D. João IV, tal como a conservação de vias na zona rural e aquisição de terrenos, enquanto na vertente da mobilidade se aponta também para o projeto de Metro Bus de ligação Guimarães-Braga.
Distinguem-se ainda as ações a nível cultural, que recentemente viu aprovado o novo Plano Municipal Estratégico de Cultura 2032. Área em que se apontam ainda vários investimentos, como o previsto restauro da Ponte do Soeiro e instalação do Centro Interpretativo da Tore da Alfândega. Por seu turno, no domínio das funções económicas, na qual se sobrelevam com a Academia de Transformação Digital e a expansão do Parque Industrial de Pencelo/Selho S. Lourenço, destaca-se ainda o Parque da Ciência e Tecnologia Avepark e do Parque Industrial da Gandra.
Projetos diversos estão ainda contemplados como os Bairro Comerciais Digitais e sistemas inteligente.
Aliás, o município vimaranense desenvolve e é pioneiro, conjuntamente com o Laboratório Associado de Sistemas Inteligentes (LASI), sediado no campus de Couros, duma plataforma informática que agrega informação em tempo real, que revolucionará a gestão da cidade.
Paralelamente, no contexto da administração geral, prevê-se ainda a instalação das novas Oficinas Municipais, a Loja do Cidadão e Centro de Acolhimento Empresarial Nova Geração, bem como a reabilitação do canil/gatil e obviamente a assunção de várias funções sociais, proteção civil e luta contra os incêndios.
Ademais, 2025 será igualmente ano de eleições autárquicas, em setembro/outubro, que coincide com a mudança de presidência de 103 Câmaras a nível nacional, entre os quais em Guimarães, uma vez que Domingos Bragança que atinge o final de mandato e legalmente não pode recandidatar-se. Eleições autárquicas para as quais se perfilam já dois Ricardos à sucessão: Ricardo Costa (PS) e Ricardo Araújo (PSD). De igual modo, um ano com mais 274 novas freguesias, resultante do processo de (des)agregação das uniões de freguesia que em 2012/2013 fora imposto pela conhecida Lei Relvas, no decurso da “troika”, e que em Guimarães incide em 6 uniões de freguesia: Prazins St. Tirso e Corvite; Tabuadelo e S. Faustino; Airão Santa Maria, Airão S. João e Vermil; Conde e Gandarela; Serzedo e Calvos; Sande, Vila Nova e S. Clemente.
Curiosamente, a 21 de Junho de 1995, a Assembleia da República classificou seis freguesias vimaranenses com o estatuto de vila, pelo que este ano de 2025 coincide também com os 30 anos dessa classificação, que abrangeu as freguesias de Serzedelo, Moreira de Cónegos, Lordelo, Ponte, S. Torcato e Pevidém.
Em aditamento, 2025 será também palco de outras ocorrências políticas. Desde logo, a pré-campanha eleitoral para as eleições do Presidente da República , a decorrer no início de 2026 Paralelamente, sucederão efemérides marcantes como os 40 anos de adesão à CEE, que culminou em 12 de Junho de 1985, sob a condução por Mário Soares. Masigualmente um ano comum de inúmeras efemérides culturais entre as quais realçamos os 200 anos do nascimento de Camilo Castelo Branco, intimamente ligado a Guimarães , assim como o centenário de “Memórias II” de Raul Brandão e a nível nacional os centenário do nascimento de Carlos Paredes, bem como das obras “Poemas de Deus e do Diabo” de José Régio e “Sonetos” de Teixeira de Pascoaes.
Cá por casa, entre outras datas marcantes, ocorrem ainda os 50 anos do Centro de Atividades Recreativas Taipense (CART), os 20 anos do Centro Cultural Vila Flor e de Guidance., entre outras efemérides, como também os 140 anos do conflito brácaro-vimaranense que teria o seu início em de 28 de Novembro de 1885.
Em súmula, apesar de algumas nuvens negras no horizonte, a ameaçar ou indiciar furacões, incêndios e enxurradas, que oxalá se dissiparão por obra e graça da sanidade mental, mantemos em cima da mesa as 12 passas da praxe para prosseguir esperançosamente muitos desejos almejados. Em particular, a paz (sem vencedores e vencidos), a saúde (com SNS público e ativo ), a justiça social e a liberdade, maior desenvolvimento sustentável, a democracia , a habitação, o emprego e melhoria das condições de vida, bem como a solidariedade, a tolerância e o amor, entre outros anseios, como a justiça, que tardiamente se enreda nas teias que o diabo tece.
Crê-se ainda que haverão avanços na Inteligência Artificial, em especial na robótica ao serviço da medicina, e gestão das cidade, bem como na conquista do espaço.
Infelizmente, porém e oxalá o diabo seja surdo e mudo, a lendária vidente cega Baba Vanga, conhecida por a “Nostradamus dos Balcãs”, terá revelado que o “fim dos tempos” começará em 2025 , e que a Europa sofrerá uma guerra devastadora, verificando-se o aumento da influência russa e várias catástrofes naturais. De positivo, apenas os avanços científicos, em concreto nos transplantes e tratamento do cancro.
Apesar de tudo, os hotéis e as ruas vão estar cheias na passagem de ano, pelo que esperamos um BOM ANO NOVO …