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Regresso à escola: novo ano, novos desafios

Álvaro Manuel Nunes
Opinião \ sexta-feira, agosto 16, 2024
© Direitos reservados
Uma escola que se constrói para além dos currículos e dos seus muros e acolhe a comunidade, na qual a edilidade e o corpo docente estão atentos e marcam a diferença.

Em Setembro próximo, ente os dias 12 e 16, as escolas abrem de novo as suas portas ao saber e conhecimento, ao convívio social e à expressão individual , nas suas variadas componentes cognitivas, socializadoras e motoras.

Com efeito, após alguns anos de encerramento de escolas, esboça-se em todos os níveis de ensino, em particular no 1º. ciclo de escolaridade,  índices de sobrelotação e  a população escolar vimaranense cresce ligeiramente e estabiliza. Obviamente uma situação que tem parcialmente como suporte o fluxo migratório, que não só leva ao crescimento como também proporciona o enriquecimento das escolas do ponto de vista intercultural, que a afluência crescente de migrantes, em especial provenientes do Brasil, Nepal, Bangladesh e sul-americanos de diversas nacionalidades, tem vindo a propiciar.

A escola de hoje é portanto uma escola aberta à interculturalidade, não só em consequência da imigração como também de projetos diversos no âmbito de projetos como o Erasmus, que obriga a ajustamentos e adaptações constantes e novos desafios. Basta recordar, a título de exemplo, que a Escola Secundária Francisco de Holanda abriga entre portas alunos oriundos  de 48 nacionalidades diferenciadas! Mas esta é uma realidade que afeta praticamente todas as escolas do concelho!

De facto, o processo de adaptação das escolas às novas realidades tem sido inexcedível e muitos são os exemplos de superação das dificuldades e respostas de integração, e de boas práticas pelo concelho. Por exemplo, é de conhecimento generalizado o excelente trabalho encetado pelo Agrupamento Virgínia de Moura, em Moreira de Cónegos, que chega ao detalhe  de nas suas instalações afixar avisos nas línguas dos seus utentes, cuja comunidade estrangeira é apoiada solidariamente pela população local em várias outras vertentes.

Porém, o ano letivo de 2024/2025 pretendia também abrir com inovações. Com efeito, a Escola Secundária Francisco de Holanda tencionava avançar com um inovador Curso Profissional de Bombeiro, certificado com o 12º. ano, que permitiria trabalhar profissionalmente em qualquer país da União Europeia, bem como garantir o acesso à universidade. Uma iniciativa em parceria com os Bombeiros Voluntários de Guimarães, cuja primeira turma contaria com 12 alunos, mas que infelizmente acabaria por ficar pelo caminho, por falta de inscrições.

Mas, pelas nossas bandas, há também outras novidades. Por exemplo, o Instituto do Cávado e do Ave (IPCA) abriu dois novos cursos TESP: Industrialização e Serralharia; Reparação e Detalhe de Carroçaria, em articulação com empresas especializadas. Simultaneamente, em Guimarães, abriu a licenciatura em Desporto, utilizando equipamentos desportivos municipais, que alia o desporto às tecnologias biomédicas.

Porém, conforme informou Adelina Paula Pinto, vereadora camarária que há vários anos assume com “saber da experiência feito” o pelouro da educação concelhio, novas perspetivas se abrem no próximo ano letivo. Deste modo, no âmbito da Inteligência Artificial (IA), em parceria com a Universidade do Minho, está a ser preparado um projeto para uma candidatura, que prevê a utilização da IA na integração escolar dos migrantes, a partir dos seus sentimentos e das suas emoções!

Ademais, o número de alunos no pré-escolar tem vindo a aumentar e saúda-se ainda a abertura de mais 5 salas do pré escolar, que vão criar mais de 100 vagas, bem como a política de abertura de creches públicas para o grupo etário até aos 3 anos, uma carência fundamental concelhia, que, apesar de não ser da responsabilidade do município nem da esfera das suas competências, têm trabalhado em articulação com as IPSS e várias creches, pelo que  estão prestes a abrir novas vagas, respondendo assim a uma carência muito sentida!

Mas a atenção nos bebés até aos 3 anos não se fica pela abertura de novas creches. Passa pelo programa ORIGOS, um programa que tenta ligar toda a rede de creches, a rede hospitalar e de cuidados primários, a rede de proteção e promoção, de forma a cuidar de todas as crianças e acompanhar todos os seus passos. Efetivamente, se a investigação nos diz que os primeiros mil dias são os mais importantes na formação do cidadão, Guimarães quer desenvolver um projeto pioneiro de acompanhamento e estimulação de todas as crianças de Guimarães entre os 0 e os 3 anos! Neste âmbito surge também o projeto “Crescer Seguro”, desenvolvido pelo Laboratório Colaborativo ProChild e financiado pela Fundação Belmiro de Azevedo, que visa apoiar a formação de assistentes operacionais e educadores de infância de todas as creches do concelho .

O desenvolvimento da autonomia dos alunos é outra componente a desencadear de forma pedagógica junto de pais e alunos. Um projeto que pretende promover competências básicas e de resiliência, em especial de foro interpessoal, quer na escola quer na família, que passa também pela mobilidade escolar e a tentativa  faseada de se promoverem as deslocações em meios de transporte coletivos, em detrimento do carro individual, contribuindo para a despoluição na área escolar. No fundo, continuar e reforçar as ações já desenvolvidas pelo projeto PEGADAS, um programa de Educação Ambiental da responsabilidade do Laboratório da Paisagem e que chega a todos os alunos, de todas as escolas e de todos os ciclos de ensino! Além disso, o município, através da CIM do AVE apoiará também o projeto UBUNTU, que pretende não só desenvolver competências sociais nos alunos mas também algumas orientações para os pais.

Como é óbvio, estarão também no terreno programas anteriores como o reforço da terapia da fala, em especial  no domínio vocabular,  a continuação das Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC), designadamente na componente das artes, bem como no âmbito da cidadania e tecnologias, em parceria com o Centro de Ciência Viva/Curtir Ciência. Igualmente voltará  à liça o projeto Cantânia, um evento de música performativa, de cariz formativo e inclusivo,  vocacionado para o 1. e 2º. ciclos, que geralmente culmina num espetáculo final por parte dos envolvidos. Projetos e programas que preveem ainda a continuidade da iniciativa “Perguntem ao Tempo” em articulação com a Casa da Memória de Guimarães e a inclusão de idosos , bem como  “Lições Iluminadas em tons de José de Guimarães” , vocacionado para a  produção e criação de trabalhos artísticos.

Em súmula, uma escola que se constrói para além dos currículos e dos seus muros e acolhe a comunidade, na qual a edilidade e o corpo docente estão atentos e marcam a diferença.

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