Rui Guimarães
O coronel vimaranense Rui Rolando Xavier Castro Guimarães, ex-capitão de Abril, faleceu no passado dia 2 de Julho, após internamento hospitalar.
Rui Guimarães nasceu em Guimarães na Rua S. Sebastião, em 2 de Março de 1943 e aqui fez os seus estudos primários nas Dominicas, frequentando posteriormente o ensino secundário no Liceu de Guimarães, onde se envolveu ativamente nas Nicolinas, nomeadamente fazendo parte numa Comissão de Festas.
Militar de carreira após a sua formação na Academia Militar, na qual ingressaria em 1962, participaria em várias comissões de serviço na guerra colonial nomeadamente em Cabinda e na Guiné, tendo aderido ao Movimento das Forças Armadas e participado na Revolução dos Cravos em 25 de Abril de 1974, enquanto capitão do Regimento de Infantaria 8, aquartelado em Braga, movimento no qual assumiu o planeamento e execução das operações na região norte.
O coronel Rui Guimarães seria ainda membro da Comissão Promotora de Homenagem aos Democratas do Distrito de Braga; e, em Março de 2023, seria condecorado, pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, conjuntamente com vários outros militares de Abril, com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade.
Recorde-se ainda, a este propósito, que Rui Guimarães está saudosamente evocado na publicação “Simão Freitas – 25 de Abril”, em especial na memória fotográfica marcada pela imagem impressiva da saudação popular ao Movimento das Forças Armadas (MFA), em 29 de Abril de 1974, no Toural, aquando da aclamação da população vimaranense aos soldados de Infantaria nº. 8, comandados pelo capitão vimaranense. Memória fotográfica que, sob o título “Multidão encheu o Largo do Toural com olhar marejado de alegria”, é ainda complementada por palavras de Rui de Guimarães que historia os antecedentes e ocorrências posteriores desse momento.
Igualmente é um das 25 personalidades evocadas na obra “Guimarães – Daqui houve resistência”, compilação de depoimentos de César Machado, que brevemente dará azo a uma série televisiva de 5 episódios semanais da RTP, produzida por Rodrigo Areias.
No entanto, neste ano de comemoração dos 50 anos do 25 de Abril, Rui Guimarães esteve ainda várias vezes entre nós, quer em escolas quer em coletividades e instituições, falando sobre o significado e peripécias desses tempos. Com efeito, a sua voz seria ouvida na iniciativa “Cantar Abril”, em 27 de Abril de 2024, no Teatro Jordão, no decurso de uma homenagem pública promovida pelos “Osmusiké” e pela Câmara Municipal de Guimarães. Ademais, a sua palavra seria publicada em entrevista na “ 9 - Revista de Guimarães Júnior 9” , editada pela Sociedade Martins Sarmento, bem como nos Cadernos Osmusiké nº. 6 (2024), a editar em 13 de Dezembro próximo.
Nesta hora de velados sentimentos várias foram as notas de pesar sobre o passamento deste distinto vimaranense, entre as quais as entidades citadas, como a Sociedade Martins Sarmento e Osmusiké:
“Nesta hora de íntima amargura, Osmusiké expressam o seu mais profundo pesar pelo falecimento do coronel vimaranense Rui Guimarães, no pretérito dia 2 de julho, ex-capitão de Abril, que muito recentemente celebrou entre nós, no decurso da iniciativa “Cantar Abril”, as comemorações dos 50 anos da Revolução dos Cravos e nos facultou a sua última entrevista, a publicar nos Cadernos Osmusiké, em 13 de dezembro próximo.
Que os cravos continuem a florir no seu descanso eterno e a sua luta abnegada pela democracia e liberdade prossiga para além da vivência do regimento terreno, como era próprio do homem e comandante com a sua idiossincrasia.
Para sempre fica entre nós a tua imagem de vitória no Toural, em 29 de Abril de 1974.
Até breve, capitão! “.
Votos de condolências a que se associaria também a Câmara Municipal de Guimarães que através de nota de pesar do seu Presidente, Domingos Bragança, “expressa a sua consternação pelo falecimento de Rui Guimarães, apresentando à sua família e amigos as mais sentidas condolências”. Pêsames que seriam também manifestados por Vasco Lourenço, da Associação 25 de Abril, um outro nome relevante da Revolução dos Cravos:
“Ficam mais pobres os seus familiares, os seus amigos, os seus camaradas capitães de Abril, mas também fica mais pobre Portugal, ao ver partir outro dos seus melhores.”